quinta-feira, agosto 17, 2006

Leibniz

LEIBNIZ


O homem que tiver vigor no querer, determina os pensamentos segundo a sua escolha, ao invés de ser determinado e arrastado por percepções involuntárias.

Se apotência correspoder ao latim potentia, ela é o oposto do ato, e a passagem da potência ao ato constitui mudança

Cícero diz muito bem em algum lugar que, se os nossos olhos pudessem ver a beleza da virtude, amá-la-íamos com ardor.

Nada pode ser mais forte do que a verdade, se os homens procurassem conhecê-la bem e fazer-lhe valer os direitos.

Onde quer que haja inquietação, existe desejo.

A felicidade e a miséria são os nomes de dois extremos cujos limites últimos nos são desconhecidos. É o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, o coração do homem jamais compreendeu.

Todos esses prazeres e dores só pertencem ao espírito, à alma; acrescentaria até que sua origem está na própria alma, considerando as coisas com um certo rigor metafísico.

A isso os teólogos dizem que essas substâncias bem-aventuradas no bem são isentas de qualquer perigo de queda.

Poderíamos dizer que o próprio Deus não pode escolher o que não é bom, e que a liberdade deste SER todo-poderoso não o impede de ser determinado por aquilo que é o melhor.

Cada ato de sensação nos faz igualmente encarar as coisas corporais e espirituais; pois no tempo em que a vista e ouvido me fazem conhecer que existe algum ser corporal fora de mim, sei de uma forma ainda mais certa que existe dentro de mim algum ser espiritual que vê e que ouve.

Está muito correto. É muito verdadeiro que a existência do espírito é mais certa que a dos objetos sensíveis.

Uma outra idéia que temos do corpo é o poder de comunicar o movimento por impulsão; e uma outra, que temos da alma, é o poder de produzir movimento através do pensamento.

É verdade mesmo as verdades que pode3mos descobrir mediante a razão podem ser-nos comunicadas por uma revelação tradicional, como se Deus tivesse querido comunicar aos homens teoremas geométricos, porém não seria com tanta certeza como se tivéssemos a demonstração, tirada da conexão das idéias.

Sabe-se que o diabo teve os seus mártires, e, se basta estar bem persuadido, não poderemos distinguir as ilusões de Satanás das inspirações do Espírito Santo. É portanto, a razão que faz conhecer a verdade da revelação.

Só se ama verdadeiramente a verdade na medida em que gosta de examinar as provas que dão a conhecer a verdade como ela é.

Embora Jesus Cristo fosse credenciado por milagres, não deixou por vezes de recusar tais sinais a uma raça perversa que os pedia, pregando apenas a virtude e aquilo que já havia sido ensinado pela razão natural e pelos profetas.

Os platônicos, os origenistas, alguns hebreus e defensores da pré-existencia das almas, acreditaram que as almas deste mundo eram colocadas em corpos imperfeitos, a fim de sofrerem por crimes cometidos em existências anteriores. Todavia, é verdade que, se alguém não conhece nem jamais conhecerá a verdade do que aconteceu em outras vidas, nem pela recordação da própria memória nem por outros vest´gios, nem pelo conhecimento de outrem, não poderemos chamar a isso de castigo segundo as noções comuns. Entretanto, pode-se duvidar, em se falando dos castigos em geral, se é absolutamente necessário que aqueles que sofrem saberão eles mesmos um dia a razão disso, e se não seria suficiente, muitas vezes, que outros espíritos mais informados encontrassem nisso matéria para glorificar a justiça divina. Todavia, é mais propável supor que os que sofrem saberão um dia o porquê, ao menos de forma genérica.

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