sábado, agosto 19, 2006

Berkeley

BERKELEY

I- David Berman
“Suponha-se uma pessoa surda e cega de nascença, que, chegando à idade adulta, fique privada, pela paralisia ou por alguma outra causa, de seu sentido tátil, do gosto e do olfato, e que, ao mesmo tempo, tenha removidos o impedimento de sua audição e o véu de seus olhos. O que os cinco sentidos são para nós, tato, paladar e olfato eram para ela. E quaisquer outros modos de percepção de uma natureza mais extensa e refinada lhe eram tão inconcebíveis como são para nós os modos que um dia estarão adaptados a perceber aquelas coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem foi dado ao coração humano conceber. E seria tão razoável para essa pessoa concluir que a perda daqueles três sentidos não poderia ser substituída por nenhuma outra porta de entrada de percepções como para um moderno livre-pensador imaginar que não pode haver outro estado de vida e de percepção sem os sentidos de que presentemente dispõe. Suponhamos, agora, que os olhos dessa mesma pessoa, ao se abrirem pela primeira vez, sejam impressionados por uma grande variedade dos objetos mais vistosos e agradáveis, e seus ouvidos, por melodiosa consonância de música vocal e instrumental. Considere o assombro, o arrebatamento. O êxtase dessa pessoa, e você terá uma distante representação, um tênue vislumbre do estado extático da alma no momento em que emerge desse sepulcro de carne para a Vida e a imortalidade”.

“Há uma pessoa com quem eu seriamente lhe recomendo, como uma coisa das mais vantajosas, travar conhecimento e conversar; você se surpreenderá quando eu lhe disser que é você mesmo”.

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