quarta-feira, maio 02, 2012

Teologia do Novo Testamento – Evangelhos e Atos dos Apóstolos.


Teologia do Novo Testamento – Evangelhos e Atos dos Apóstolos.
Rio de Janeiro: Vertical Editora, 2012.
1. Novo Testamento. 2. Teologia. 3. Evangelhos.
4. Atos dos Apóstolos. 5. Bíblia.



Introdução

Quando se procura um livro de teologia do Novo Testamento geralmente encontra-se de introdução. Aplico aqui as regras da Teologia Sistemática objetivando definir as doutrinas bíblicas através do estudo de passagens paralelas, isto é, correlatas. Sigo a regra de ouro da hermenêutica sagrada: “A Bíblia interpreta a si mesma.”2 Ela é a intérprete de si mesma. Sola Scriptura (somente a Escritura). É a Palavra de Deus inerrante e infalível. Há uma harmonia teológica profunda nos livros da Bíblia.
O pensamento teológico verdadeiro exprime a realidade do Novo Testamento e é, na sua essência, cristocêntrico. A teologia que não tem Cristo não é teologia, é heresia.
O estudo das passagens bíblicas exige o conhecimento histórico, gramatical e teológico dos textos. Mas exige também reverência, devoção e temor. Jesus nos ensina que só compreende as coisas do Espírito aquele que nasceu de novo. Não há outra forma de entender as Escrituras. É preciso crer para entender. Agora, se o crer pode ser aperfeiçoado pelo conhecer, prossigamos em conhecer ao Senhor...
Prof. Márcio Ruben

“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu lá fora a procurar-te!” Agostinho,

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terça-feira, dezembro 27, 2011

Profetiza sobre a plenitude do Espírito Santo

Profetiza sobre a plenitude do Espírito Santo

1) Qual deve ser nossa resposta ao chamado do Senhor? R: Eis-me aqui envia-me a mim. Is 6.8,9

2) Como deve ser conhecido aquele que é chamado pelo Senhor? R: Homem de Deus. 2Rs 4.21

3) O Senhor nos tem posto como o que na sua casa? R: Como atalaias. Ez 3.16-21

4) O que deve sair da boca do profeta de Deus? R: Palavra boa para promover a edificação. Ef 4.29

5) O que não devemos fazer? R: Entristecer o Espírito de Deus. Ef 4.30-32. Não devemos negligenciar o poder de Deus, a atuação do Espírito Santo, por causa do medo de sermos considerados fanáticos ou alienados religiosos, tal atitude de conter ou reprimir a atuação de Deus é um erro gravíssimo. Pois reprimir a vontade de Deus não é um pecado pequeno.

6) Ageu trouxe a mensagem da edificação da Casa do Senhor. Como foi chamado? R: Embaixador do Senhor. Mensageiro do Senhor. Ageu 1.13

7) O profeta do Senhor deve profetizar sobre quem? R: Ez 37.1-10 Sobre os ossos secos; os mortos espiritualmente. Isto sim é avivamento, pois avivamento não é a festividade, não é o regozijo, mas é em seu primeiro momento o coração quebrantado diante do Senhor: “eu estava morto e revivi”, o mais é consequência.

8) Antes de fazer alguma coisa a quem Deus revela o seu segredo? R: Aos seus servos, os profetas. Amós 3.7 Contra todo ceticismo a experiência cristã fala mais alto, Deus nos fala e isto é real: Deus responde nossas perguntas, Deus transmite ordens, nos avisa do que está oculto, muda maus procedimentos, tira nosso orgulho, salva nossa alma do abismo do desespero e da perdição, nos enche com o seu amor.

9) O que faz o profeta de Deus com as palavras que vêm de Deus? R: As come. Jr 15.16. A palavra não digestiva do hedonismo, do niilismo traz discórdia, destruição, ganância e conduz para longe de Deus. A Palavra de Deus é gostosa e reflete o bem supremo e absoluto, aquilo que Deus tem de melhor para nós.

10) O que é a palavra de Deus para o homem e a mulher de Deus? R: Gozo e alegria do seu coração. Jr 15.16. É chuva torrencial de Deus. Ez 1.1

11) É desejo de Deus que o ímpio morra na sua impiedade? R: Não. Ez 18.23

12) O profeta de Deus é um instrumento de Deus escolhido para quê? R: “Para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como aos filhos de Israel.”At 9.15, Ver João 15.16 Pregar o Reino de Deus: a cura divina – a vontade de Deus é restaurar tanto física como espiritualmente a humanidade caída; a libertação – das potestades que escravizam o homem e do pecado; os dons de Deus; o fruto do Espírito; a volta de Cristo, as bodas do Cordeiro e a eternidade com Deus.

13) O que o homem e a mulher de Deus devem ser? R: 1. Humildes – Exemplos: a) Gideão Jz 6.15; b) Davi 1Sm 18.18. 2. Corajosos – Exemplos: a) Pedro e João perante o Sinédrio At 4.18-20; b) Estevão perante o concílio At 7.51; c) Na proclamação do Reino de Deus e do seu evangelho Marcos 16.

14) O que é o Reino de Deus? R: Demonstração do poder divino em ação. Mt 12.28

15) O profeta de Deus não pode proclamar uma teocracia relígio-política. Que tipo de poder é proclamado? R: Espiritual. João 18.36-37

16) Quando o homem e a mulher de Deus proclamam o Reino de Deus no mundo o que acontece? R: a) O inferno se abala. Mt 12.28,29; Mc 1.23,24; Jo 18.36; b) Destrói-se o domínio de Satanás. João 12.31; 16.11; c) Há libertação. At 26.18; Mc 3.14,15; Rm 6; d) Há cura divina. At 4.30; 8.7; e) Salvação e santificação. Jo 3.3; 17.17; At 2.38-40; 2Co 6.14-18; d) Batismo no Espírito Santo com poder para testemunhar. At 1.8; 2.4

17) O que diz Pedro que somos? R: Raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. 1Pd 2.9

18) Multidões estão sendo despertadas pelo poder de Deus, e estão a perguntar “que faremos?”. Amigo, qual será a tua resposta a esta pergunta: Que faremos? R: Arrependei-vos. Atos 2.38; Rasgai o vosso coração. Joel 2,13

19) O que é necessário para as almas gritarem: O que faremos? R: Que vejam em nós, em nossa igreja, em nossos cultos, o poder de Deus. Que ouçam mensagens ungidas pelo o Espírito Santo, onde haja glória e aleluia. Precisam ver e ouvir o poder e sobre o poder de Deus. Precisamos profetizar sobre a plenitude do Espírito Santo.

20) Por que há igrejas nas quais ninguém pergunta: Que faremos? R: Porque não têm a resposta, falta o poder de Deus, não há liberdade para o Espírito de Deus. Falta a plenitude do Espírito Santo.

21) O que é preciso para que os homens possam perguntar com que poder e em nome de quem fizestes isso (At 4. 9,10)? R: Passar pelo pentecostes; adquirir outra visão! At 4.10. Passar pelo pentecostes é ficar totalmente envolvido no Espírito Santo, é imergir, mergulhar, submergir no (em + o) Espírito Santo. É iniciar um ministério poderoso e espiritual.

22) O que diz a visão natural e do conhecimento humano? R: Pregar com cuidado para que não nos chamem de loucos, pregar com a razão sem emoção sem sair do que foi programado.

23) Na igreja onde há coxos curados qual pergunta sempre haverá? R: Em nome de quem fizestes isto? Um grama do poder de Deus vale mais que todas as experiências intelectuais, apriorismo ou dialética da razão. Que todo ateísmo filosófico, ou antropologia da necessidade de Deus, que todo pragmatismo materialista ou ceticismo agnóstico. ”Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos, mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Is 56.9

24) O profeta de Deus é um Filipe, por quê? R: Entende o que lê e se submete total e completamente ao Senhor, recebe a revelação divina e esclarece a Palavra. At 8.28

Entendes tu o que lês? R: Quantos bacharéis em teologia negando o poder do Espírito Santo. Quantos líderes negando a inerrância da Bíblia, não acreditando nos milagres da Bíblia e no sobrenatural de Deus. Precisam como o Eunuco chamar quem entende para explicar, para receber a benção de Deus por inteira, por completa. Para ver que o poder de Deus é mais profundo que o abismo em que eles se encontram. Para ver a plenitude do Espírito Santo.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Faculdade de Teologia Wittenberg - Curso de Férias na Sociedade Bíblica em 2012





segunda-feira, julho 18, 2011

O Apóstolo Paulo

O Apóstolo Paulo

Nasceu de família judaica em Tarso, na Cilícia (Ásia Menor). At 9.11,39; 22.3; 28; Rm 11.1; Fl 3.5. Seus pais provavelmente possuíam os direitos de cidadãos romanos, logo ele nasceu cidadão romano ( At 16.37; 22.25-28; 23.27; 25.10). No ano 62, quando escreve para Filemon se dizia ancião (v. 9), portanto calcula-se que ele nasceu no princípio do primeiro decênio depois de Cristo. Conforme costume judaico o jovem tinha dois nomes um hebraico Saulo (desejado) e outro grego ou romano, gr. Paulos, lat. Paulus (pequeno). No espírito jovem exerceram influência três grandes correntes culturais da época: a judaica, que primava pela religião (ideal do homem religioso); a grega, que se distinguia pelo amor á sabedoria (ideal do homem filósofo); a romana, ilustre pelo culto do direito e da ordem (ideal do homem jurista). Com efeito, a primeira formação que Paulo recebeu de seus pais, o introduziu nas observâncias da lei; conforme a tradição dos fariseus, aprendeu a arte de curtir peles. Aos 13 ou 15 de idade, foi enviado a Jerusalém a fim de estudar na escola de Gamaliel, famoso mestre, a sabedoria exegética dos rabinos (At 22.3). Juntamente, porém, com as tradições judaicas crescia no ambiente da cultura greco-romana. Como criança e posteriormente como homem maduro Paulo tomou conhecimento da literatura e da filosofia helenística, das quais soube fazer uso na pregação do Evangelho (At 17.28; Tt 1.12; 1Co 15.33; At 17.22-31).

O apóstolo nos deixou 13 epístolas, dispostas em ordem cronológica: 1 e 2Ts, Gl; 1 e 2Co, Rm, Cl, Ef, Fl, Fp, 1Tm, Tt, 2Tm. Gálatas e 1 e 2 Coríntios e Romanos são ditas “grandes epístolas”, Cl, Ef, Fl, Fp epístolas do cativeiro (Roma 61/63) e 1 e 2Tm, Tt epistolas pastorais. Paulo desejava que todas fossem lidas em público (1Ts 5.27) mesmo quando o assunto parecia pessoal (Fl 2) e em outras Igrejas (Cl 4.16). A língua originária das cartas paulinas é o grego koiné ou comum, difundido em todo Império Romano. O apóstolo possuía bem essa língua e suas minúcias, como demonstram algumas das passagens mais vivas e famosas do NT: 1Co 2.6-16; 13.1-13; 15.1-58; Rm 8.35-39; Cl 1.9-28; Fp 2.6-11. Sabia usar de muitas figuras literárias (interrogações retóricas, antíteses...) de comparações muito vivas tiradas dos espetáculos, dos jogos públicos, do Direito civil, assim como da vida quotidiana dos soldados, atletas etc (1Co 9.24-27; Fp 3.12; Ef 6.11-17; 1Tm 6.12; 2Tm 4.7). É importante notar que o apóstolo não procurava artifícios literários nem exagerava na importância da forma exterior de suas epístolas (1Co 2.1-6; 2Co 11.6). Seu modo de se expressar era primariamente espontâneo e sempre muito real de sua vida com Deus. Além disso, Paulo não podia deixar de empregar em grego, muitas expressões de origem hebraica (semitismo), que dificulta o entendimento de certas passagens. Assim usava de termos concretos em lugar de abstratos: carne, no sentido de carnalidade, vida conforme a carne; pecado no sentido de pecaminosidade ou tendência ao pecado; século, no sentido de mundo sensível. Empregava também substantivos com valor de adjetivos: riquezas da glória, para significar grande glória (Rm 9.23; Rm 2.4; 11.3); os espirituais da maldade, designando os espíritos maus (Ef 6.12). Os escritos de Paulo foram reconhecidos e declarados por autoridade apostólica tão logo apareceram. Em 2Pd 3.15-16 Pedro coloca as epistolas de Paulo no mesmo nível com “as outras escrituras”.

Paulo era oposto à atitude estóica que negava a angústia, julgando que confessá-la não é digno do homem perfeito. Ele reconhecia as tribulações que o afligiam: 2Co 1.8; 7.5; 11.23-27; 12.7. Não só aguardava a parusia do Senhor em vida (1Ts 4.17; 1Co 15.51) como sentia perspectiva da morte, do martírio (2Co 5.1-4). Consciente de sua impotência, em oposição ao orgulho dos judaizantes, sabia que sua missão não era meramente humana, mas devia-se a ação de Deus, ou seja, a um tesouro divino que Paulo trazia em vaso de argila (2Co 4.7-10). Para o cristão não há sofrimento que seja apenas sofrimento, morte que seja apenas morte; mas, ao contrário, sofrimento e morte, leves e passageiros como são, preparam para glória densa e eterna do céu iniciada pela graça de Deus nesta vida (2Co 4.17).

Carta aos Romanos

Autor: Paulo

Data: 57/58

Local: Corinto, no fim da sua terceira viagem missionária, quando passava os três meses de inverno esperando a embarcação que o levaria para a Palestina. Em Rm 15.25-28 ”Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também servir a estes com as materiais.Tendo, pois, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha”. o Apóstolo anuncia que está para ir a Jerusalém, levando as esmolas dos fiéis da Macedônia e da Acaia. Paulo estava hospedado na casa de Caio sendo assistido por Timóteo, Sosípatre, Erasto (tesoureiro da cidade) e outros.

Ocasião: Os cristãos de Corinto já estavam reconciliados. O apóstolo, pois, aproveitou a época para aprofundar suas reflexões teológicas sobre “o mistério que ficara oculto durante longos séculos, mas fora manifestado recentemente e... levado... ao conhecimento de todas as nações” Rm 16.25.

Escrita: É o escrito mais longo e grandioso de todas as epístolas de Paulo. Foi ditada a Tércio (Rm 16.22 “Eu, Tércio, que escrevo esta carta, vos saúdo no Senhor.”), julga-se que a redação desta epístola durou uma centena de horas, as quais, distribuídas em serões de trabalho (Não é de esquecer que Paulo costumava elaborar as epístolas à noite, após a jornada de apostolado e trabalho manual) teriam ocupado entre 32 a 49 serões.

Estilo: Sendo a igreja de Roma desconhecida ao autor, explica-se o estilo bastante impessoal, muito mais doutrinário, teológico que apologético ou polêmico. Apresenta poucos dados históricos.

Tema: A Graça de Deus e a Justificação pela Fé. (Rm 1.17 “Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”

Vocabulário: Justificar: Segundo A. Almeida em seu livro Hermenêutica Sagrada: A palavra justificar, assim se define no dicionário: “Provar a justiça ou a inocência de... restituir ao estado de inocência”. Em Rm 4.1-5 Paulo argumenta sobre a justificação de Abraão, mostrando que este foi justificado pela fé, e conclui: “Mas aquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Qual o sentido do verbo justificar? Não é “provar a justiça ou a inocência” pois como poderia deus provar a inocência do ímpio? Também não é “restituir ao estado de inocência”, porque a última clausula nos mostra que esse ato de justificar consiste em imputar como justiça o ato de crer; e imputar é o mesmo que tomar em conta, ou lançar à conta de alguém (vs. 23-24). Assim a justificação pela fé, segundo o Novo Testamento, é um ato pelo qual Deus judicialmente lança a conta de quem crê em Jesus. Aquela justiça perfeita que ele realizou mediante seu sacrifício redentor efetuado no Calvário. Lei: Em Rm 7.1-6 Paulo demonstra com a ilustração do casamento que “agora estamos livres da lei” Que lei falava o apóstolo? Aqueles que fazem diferença entre lei cerimonial e lei moral afirmam que Paulo falava da lei cerimonial. Todavia logo no versículo 7 “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum.Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. o apóstolo nos fala da parte da lei que diz não cobiçaras. Ora a lei que disse não cobiçaras é o que muitos consideram a lei moral. Logo vemos que Paulo diz que estamos livres de toda lei, pois não faz distinção de leis. Claro que temos a lei de Cristo em nossos corações e somos guiados pelo Espírito para vivermos uma vida de santificação e de novidade de vida pela graça de Deus.

Algumas Palavras Gregas nas Epístolas Paulinas

verdade: alethéia (alhqeia); graça: cháris (capiV); salvação: sotéria (soteria); poder: dynamis (dunamiV); justo: dikaios (dikaioV); santo: hágios (agioV); alma: psique (yuch); espírito: pneuma (pneuma); corpo: soma (swma); senhor: kyrios (kurioV); Deus: Theos (QeoV); lei: nomos (nomoV); amor: ágape (agaph); glória: dóxa (doxa); aliança: diatheke (diaqhkh); arrependimento: metanóia (metanoia); eterno: aiônios (aiwnioV); bom: agathós (agaqoV); novo: kainós (kainoV) ; pecado: hamártios (amartioV); escritura: graphê (grafh); vida: zoê (zwh); autoridade: exusía (ecousia); igreja: ekklesía (ekklhsia); alegria: chará (cara); trevas: scotia (skotia); : pistis (pistiV); carne: sarxis (sarkiV); dom: charísma (carisma); mundo: kosmos (kosmoV); fim: telos (teloV); amor fraternal: fileô (filew); comunhão: koinonia (koinwnia); templo: ierón (ieron); Jesus: Iesus (IhsouV)

Alfabeto

a b g d e z h q i k l m n x o p r s t u f c y w

a b g d e z e th i k l m n cs o p r s t u f ch ps o

alpha, beta, gamma, delta, epsilon, dzeta, êta, thêta, ióta, káppa, lambda, mü, nü, csí, ómikron, pi, rô, sigma, táu, úpsilon, fí, chí, psi, ômega.

sábado, maio 10, 2008

CRISTO TOTAL

A boa terra é a salvação a conquistar – Dt 8.7,9
O manancial são altas experiências com Deus.
A Palestina, situada a 1.200 m acima do nível do mar representa a vida subindo, isto é, assentar-se nos lugares celestiais – Ef 2.6.
Há aqueles que têm uma experiência com Cristo na sua totalidade e outros com Cristo na sua superficialidade.
Cristo é a realidade de tudo: comida – Jo 6.48-51; água – Jo 4.14; luz – Jo 8.12; habitação – Jo 14. Este é o Cristo Total.
A medida da experiência em Cristo está: no Cordeiro – no Egito (salvação); no Maná – no deserto (vida cristã); na Terra – Canaã (vida e batalha espiritual – o Céu). É ter Cristo em abundância.
Josué figura a terra prometida e a sua conquista, através do Capitão que é Cristo;
Efésios nos mostra o reino espiritual e a conquista através de batalhas espirituais vencidas através do nosso General e Senhor Jesus.
Cidade e Templo são os resultados de desfrutar a terra.
Cidade representa o centro da autoridade de Deus. Canaã, Jerusalém, Milênio, Céu – Novos Céus e Nova Terra.
O Templo é o centro religioso desta teocracia, é a presença de Deus.
A Canaã de Deus é representada pelo mel e o leite (lugar que mana leite e mel), fonte de proteínas, que são frutos de dois reinos: vegetal e animal. O Reino Animal nos fala da expiação e redenção. O Reino Vegetal nos fala de geração de vida.
Cristo como leite e mel redime vidas e gera vidas.
O Reino Mineral representa a autoridade e a proteção de Cristo. Da terra vêm as pedras, o ferro, o bronze, o cobre etc. Tudo fornece as armas para a batalha e para segurança. As pedras para edificação da fortaleza e da cidade.
A terra é Cristo que nos fornece a armadura espiritual: Ef 6.10-18.
Cristo no seu estado de humilhação é representado pelo trigo que expressa nascimento, vida, limitação e morte – Jo 12.24.
O ribeiro representa a Palavra, o Evangelho jorrando para todos os povos.
A cevada representa Jesus ressuscitado, multiplicação, poder restaurado – Jo 6.9.
A vides - vinho mostra Jesus como alegria, força, último e novo vinho – Ne 8.10.
A figueira representa Jesus como nossa satisfação (sobremesa) nossa descanso mais doce.
A romeira representa a beleza de Cristo, o Espírito de Cristo – Zc 4.6; Gl 5.22; Jo 4.23; o Amor e a Mansidão em Cristo.
A Cristologia tem como fundamento a terra, a água, o trigo, a cevada, a videira, a figueira, a romã, a oliveira, o leite e o mel.
O conhecimento em Cristo envolve teoria – gr. oida e experiência - gr. gnosco.
Jesus, o cordeiro, juntamente com as ervas amargas representa a experiência passageira do sofrimento e do sacrifício – Ex 12; 1 Co 5.17.
Jesus como maná é a nossa suficiência diária, suprimento para entrar na terra – Êx 16.3; Nm 11.7-9.
Jesus como a Arca da Aliança é a manifestação e a expressão de Deus Êx 25.10-22; A madeira é o símbolo da humanidade de Cristo e o ouro da divindade de Cristo, por isso a Arca era composta de madeira e ouro.
O Tabernáculo é a expansão da manifestação da Arca, isto é, de Cristo – Êx 26.1-26
O Véu, cobertura, era composto respectivamente: peles de animais marinhos/texugos – Cristo abrigo dos intempéries do tempo – da vida; pele de carneiro – Jesus na cruz (Expiação); pele de cabra - “fede” Jesus assume o meu pecado – Hb 1.13; linho – a justiça e a beleza de Jesus.
Ofertas - Levítico 1 – 7; Jesus oferta de holocausto é o sacrifício expiatório, por nossas faltas diante de Deus; Jesus oferta de manjares é o sacrifício satisfatório, a satisfação pelos nossos pecados; Jesus oferta pacífica ele é o sacrifício que nos trouxe a paz; Jesus oferta pelo pecado é o sacrifício de sangue que nos purifica de todos os pecados e Jesus oferta pela transgressão é o sacrifício por nossas faltas diante dos homens.


O Tabernáculo e o Homem

Corpo
Átrio
Santo
Alma
Espírito
Santíssimo
Mente Coração
No Átrio que representa o corpo está a pia de cobre que simboliza o batismo no nome de Jesus e o altar do holocausto (a entrada do lugar santo) onde se realiza o sacrifício, uma vida de renuncia e sacrifício, negar a si mesmo para seguir Jesus. No lugar Santo que representa a alma está a mesa da proposição (dos pães) que representa a Palavra de Cristo, o Evangelho como nosso sustento espiritual, o candelabro de ouro, a luz que representa o Espírito Santo em nossa vida e o altar do incenso símbolo de nossa vida de oração. No lugar Santíssimo que é o espírito está a arca que representa a manifestação de Cristo em nossa vida, onde somos cheios da Glória do Senhor.

DERRUBANDO OS CONFLITOS DA ALMA

Lição 3
O Orgulho

Texto Principal
2Reis 5.1-14

Introdução
O orgulho nos é prejudicial. A soberba produz barreiras em nossas vidas impedindo as bênçãos de Deus. A palavra humildade vem de terra – humos – e esta ligada a simplicidade e obediência.
1. As Proporções do Orgulho
Ter orgulho de algo que lutamos e alcançamos é natural. Uma vaga na universidade, no trabalho, no concurso, uma promoção, sucesso profissional. Tudo isso é o resultado de nossas conquistas pessoais.
Quando o orgulho é egoísta e é sinônimo de ostentação, arrogância e soberba; Deus considera-no pecaminoso.
1.1 O Complexo de Inferioridade
Jesus disse “amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mt 22.3 Vamos nos deter no a ti mesmo. Se eu não me valorizo como posso valorizar o outro. Não digo aqui aquele que se considera pequeno, fraco diante de Deus numa atitude de humilhação. Mas, daquele que se considera derrotado diante das situações, daquele que se acha sem valor para Deus e para os homens. “Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser; mas, graças a Deus, não somos o que éramos” Martin Luther King. Somos filhos de Deus – Jo 1.12; templos do Espírito Santo – 1Co 6.19; co-herdeiros com Cristo – Gl 4.7, Rm 8.17; povo de propriedade exclusiva de Deus – 1Pd 2.9.
1.2 O Orgulho na Bíblia
Satanás foi um querubim ungido, paradigma de beleza e sabedoria – Ez 28.11-15; Até que resolveu abandonar os limites morais, psicológicos e espirituais de Deus, dizendo “subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo levado serás ao Sheol, ao mais profundo do abismo”. Is 14.12-16. Esquecendo-se daquele que lhe deu os dons louvou-se a si mesmo. Antes deveria dizer: “sou pobre e necessitado”(Sl 40.17) nunca deixarei de louvar o Senhor nosso Deus. Por causa do seu orgulho como um raio foi lançado do céu (Lc 10.18). “Deus resiste aos soberbos” (Tg 4.8). Aquele se gloria se glorie no Senhor (2Co 10.17,18) “mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor” Jr 9.23,24
2. Tentações ao Orgulho
Capacidade intelectual e física, posição de poder e riqueza. “Ter preeminência e não ser soberbo é atitude tão rara, que nem o primeiro anjo o teve no céu, nem o primeiro homem no paraíso” Antônio Vieira. Hoje estamos num mundo globalizado, onde não há uma verdade universal (única versão) mas verdades globais, isto é, uma relativização da verdade. A verdade só é verdade se for útil para aquele indivíduo ou sociedade; a verdade é pragmática. O consumismo exagerado e a valorização do estético. O belo está ligado a soberba. O hedonismo (do grego hedoné – prazer) que é a busca do prazer individual e imediato é o supremo bem da vida. Há uma celebração do irônico, do efêmero e do irrelevante. A Internet define a realidade não só a retrata. Há uma mistura de ficção com os fatos. A suspeita e até o descrédito no real progresso da sociedade e na expansão da ciência fez o homem se refugiar no ocultismo e no irracionalismo ou no ceticismo e no niilismo. Tudo leva o homem a cada vez se achar mais dono de si, a dizer que não precisa de Deus, que é auto-suficiente. Esta soberba é uma demonstração real e visível do engodo do mundo e da sua inimizade contra Deus (1Jo 2.15; Tg 4.4).
Tudo isso é a soberba utópica de ser igual a Deus, como na torre de babel ( Gn 11.4) Surge também o falso profeta orgulhoso que agrada todo mundo mas não agrada a Deus. Em sua autodivinização prega a paz, e risca do seu vocabulário a palavra pecado. Tudo é permitido e mesmo assim sereis prósperos – esse é o seu querigma, O mundo, que deseja o que já foi relatado acima, é o seu alvo mesmo que latente ao observador descuidado, acrítico e alienado sujeito e subjugado por uma “espiritualidade” exibicionista (Is 65.5). São discípulos de Balaão, movidos pelo orgulho e pela ganância, são pastores de si mesmos (Jd 11-13; Ez 34.8: 1Tm 4.1-3; 2Tm 3.1). Sobre estes Deus exercerá o seu juízo (Jd 14-16).

Conclusão
A sociedade foi contagiada pela soberba satânica (Gn 11.4,5). Muitos líderes e mestres estão contagiados pelo orgulho e rejeitando os princípios da Palavra de Deus (2Co 11.13-15; 2Pe 2.1-3). Deus não é um Deus que apenas exerce a sua providência sobre a vida e sobre os bens dos que o buscam, ele é um Deus que lhes faz sentir interiormente as suas misérias e enche-lhes de humildade. Só Jesus é a via única para reparar as nossas misérias. Aos soberbos Deus abate. “Como é belo ver, pelos olhos da fé, Dario e Ciro, Alexandre, os romanos, Pompeu e Herodes, agirem, sem o saber, pela glória do Evangelho!” Pascal; Sem humildade não há conhecimento de Deus. A humildade de Davi é vista na maior declaração teológica já escrita, no Salmo 23. “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” Aprendemos que Naamã para ser curado de sua lepra teve seu orgulho ferido: seu poder, seu dinheiro, sua posição social não podiam curá-lo nem influenciar quem quer que fosse para curá-lo. Ao se colocar diante de Deus como pobre de espírito (Mt 5.3), necessitado de Deus e se despojar de toda pompa e riqueza, Deus o abençoou. Quando o orgulho foi dissipado o milagre aconteceu. Assim se fará em nossas vidas quando largarmos todo orgulho e com um coração quebrantado e contrito nos aproximarmos de Deus.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Derrubando Os Conflitos da Alma

Lição 2
Autoridade Espiritual Sobre o Medo

Texto Principal
Mt 14.22-31

Introdução
“Dos erros que cometemos, um consiste em ter medo do que não deveríamos, outro ter medo como não deveríamos, ou quando não deveríamos” Aristóteles. O medo é algo natural, uma reação natural. A criança tem medo do escuro, de trovões, e até mesmo adultos têm medo de insetos. Porém, quando atinge toda a personalidade do indivíduo leva-o a um comportamento anormal. Este medo descontrolado “faz-nos muitas vezes tomar uma árvore por um urso” Shakespeare. Gigantes por maiores que o poder de Deus. Nm 13.33; 14.1; 1Sm 17.24.

1. O Medo e Suas Causas
Como mecanismo de defesa o medo é normal e saudável. Evitar animais ferozes, lugares perigosos, pessoas violentas, atitudes que tentam a Deus. O medo pode nos fazer buscar a Deus: Josafá 2Cr 20.3. No entanto, a presença do medo injustificado, sem a confiança em Deus, impede freqüentemente certas pessoas a agirem na vida espiritual e de realizar a obra de Deus. Nesse momento a pessoa é tomada por um medo que muitas vezes sabe que é absurdo, diante de um Deus que faz maravilhas, mas não consegue se livrar desse medo. Assim homens intrépidos como Elias fogem da ameaça 1Rs 19.1-4, como Pedro negam a Jesus Mt 26.69-75, os discípulos fogem Mt 26.56, autoridades que crêem em Jesus não o confessam Jo 12.42, o Pedro cheio de unção teme os da circuncisão Gl 2.12, o jovem rico teme perder toda a sua fortuna, Lc 18.18-23. O medo excessivo não aceita desafios, por isso, o homem medroso enterra o seu talento, tem medo de ser rejeitado, de errar, do futuro. Até mesmo medo da morte. “O desespero que se perde no infinito é, portanto, imaginário, informe. Porque o eu não tem saúde e não está livre de desespero, senão quando, tendo desesperado, transparente a si mesmo, projeta-se até Deus.” Kierkegaard. “Assim como as crianças tremem e têm medo de tudo na escuridão cega, também nós, à claridade da luz, às vezes tememos o que não deveria inspirar mais temor do que as coisas que aterrorizam as crianças no escuro”. Lucrécio
1.1. O Medo e a Ira
“Do negro ventre do medo, geraram-se as rubras faces da ira.” Mira y Lopes. Muitas vezes o fanatismo religioso, racial ou ideológico é uma enfermidade do medo. O medo de perder o status, o poder, as riquezas. O rei Saul quando viu que o povo amava mais a Davi, intentou matá-lo, 1Sm 18.6-9. O rei Herodes com medo de Jesus matou as criancinhas Mt 2.16, os fariseus planejaram a sua morte Mt 12.14. A Bíblia nos relata que Jesus pregava com autoridade e era diferente dos escribas, Mt 7.28,29. Quem usa da força para liderar, isto é, coage alguém para fazer a sua vontade sempre terá medo, porém quem tem autoridade leva as pessoas a fazerem o que ensina e a respeitá-lo de boa vontade. Autoridade não se vende e não se compra se conquista com sangue, mais precioso que ouro e prata. Ver 1Pe 1.18,19

2. O Medo e a Autoridade Espiritual
Deus deu aos seus servos, autoridade sobre o medo. Autoridade Espiritual. O Diabo a todo custo tentará impor o medo, por meio da opressão: tentando e perseguindo. Desejará cirandar como trigo “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;” Lc 22.31. A seu serviço existem principados, governadores das trevas deste século e hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais, Ef 6.12. ‘O único que pode interferir em sua vida é Cristo, e não o diabo. Porém, se você proclamar derrota ela acontecerá. Daí a importância de rompermos os pactos, com voz bem audível.’ Ver Rm 10.9,10. O que é poderoso para destruir fortalezas? “Pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo;” 2Co 10.4-5. Numa Batalha Espiritual há bênçãos, onde menos esperamos: A prisão de José: levou-o ao governo – Gn 45.1-8; As perdas de Jó: terminaram em bençãos dobradas – Jó 42.10-17; O espinho da carne de Paulo: abundou a graça de Deus – 2Co 12.7-9. O que não devemos fazer? Entristecer o Espírito de Deus. Ef 4.30-32. Não podemos negligenciar o poder de Deus, a atuação do Espírito Santo, por causa do medo, tal atitude de conter ou reprimir a atuação de Deus é um erro gravíssimo. Pois reprimir a vontade de Deus não é um erro leve; mas quando o homem e a mulher de Deus proclamam o Reino de Deus no mundo: O inferno se abala. Mt 12.28,29; Mc 1.23,24; Jo 18.36; Destrói-se o domínio de Satanás. João 12.31; 16.11; Há libertação. At 26.18; Mc 3.14,15; Rm 6; Há cura divina. At 4.30; 8.7; Salvação e santificação. Jo 3.3; 17.17; At 2.38-40; 2Co 6.14-18 e Batismo no Espírito Santo com poder para testemunhar. At 1.8; 2.4 “Combater o farisaísmo, desmascarar a impostura, prostrar as tiranias, as usurpações, os preconceitos, as mentiras, as superstições, demolir o templo, mas reconstruí-lo, quer dizer, substituir o falso pelo o verdadeiro, agarrar um chicote e pôr fora os vendilhões do templo, proclamar liberdade aos cativos e o Reino de Deus, esta é a guerra de Cristo.” Victor Hugo
‘O Senhor é homem de guerra; YAHWÉH é o seu nome’. Ex 15.3

3. O Temor do Senhor
‘O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?’ Sl 27.1 “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; e o conhecimento do Santo é o entendimento.” Pv 9.10; temor de respeito e temor de amor. È o dever de todo homem, Ec 12.13





Conclusão


Se o nosso coração nos condena, certamente Deus é maior, 1João 3.20; e os nossos medos foram substituídos pelo perfeito amor, 1João 4.18; este amor nos constrange (2Co 5.14) e nele estamos na graça e pela graça (Ef 6.24). Deus pode a todo instante. É esse o combustível da fé, que resolve contradições e elimina os nossos medos. “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Rm 8.28 “Poderíamos dizer que o próprio Deus não pode escolher o que não é bom, e que a liberdade deste SER todo-poderoso não o impede de ser determinado por aquilo que é o melhor.” Leibniz. “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,” Ef 3.20
O medo traz desespero e ansiedade. Deus traz paz e cuidado. “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1Pe 5.7
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14.27.
“No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.” 1Jo 4.18

terça-feira, fevereiro 12, 2008

O CRISTÃO E O FILÓSOFO

Introdução
O homem é a criação mais especial de Deus. Jesus diz que valemos mais que os lírios do campo e que as aves dos céus. Estudar o desenvolvimento e a capacidade intelectual do homem é conhecer a Deus. Pois ele fez isto no homem para que ele refletisse o Espírito Absoluto. Hegel, filósofo alemão na História da Filosofia nos levou a tal observação. Portanto, à luz da Bíblia, propomos o estudo da filosofia como a sua prática num estudo comparativo com passagens bíblicas.
Este livro está dividido em duas partes: a primeira é uma comparação com as passagens bíblicas e a segunda um diálogo entre cristão e filósofo.

1ª Parte


Da Aparência a Essência

Paulo em sua carta aos coríntios (1Co 13.12) nos diz que hoje vemos por espelho, mas então chegaremos ao pleno conhecimento quando vermos Jesus face a face. Sócrates, filósofo grego, pregador da moral e da ética já dizia que conhecer é passar da aparência a essência. Aqui Sócrates vê uma verdade divina. Todavia, Paulo vê a mesma verdade divina com aplicação para a eternidade. Sócrates diz que conhecer é passar da opinião ao conceito. Quando Cristo se manifestar eu o verei face a face, conhecerei como sou conhecido, isto é, não emito opinião, mas tenho um conceito sobre mim. Então terei pleno conhecimento de Cristo.


Conhece-te a Ti Mesmo

Jesus repreende as pessoas hipócritas que querem tirar o argueiro de seu irmão e não vêem a trave que há em seus olhos (Mt 7.5). Um grande problema é o esquecimento das pessoas de olharem para si mesmas. Sócrates encontra esta verdade: “Conhece-te a ti mesmo.” Um dos métodos de ensino de Sócrates era que a pessoa precisava olhar para dentro de si e descobrir a si mesma. Esta verdade foi plena e divinamente verificada por Cristo que manda o homem se auto-avaliar: “Do modo que pesares serás pesado.” Paulo também exorta que ao participar da Ceia do Senhor o cristão deve examinar-se a si mesmo. Sócrates descobre uma verdade do intelecto humano. Cristo demonstra esta verdade numa visão divina e eterna.


O Que os Ouvidos Gostam

Sócrates certa vez disse que é fácil granjear a fama de bem falar quando se fala justamente diante daqueles de quem se faz o elogio, é fácil adquirir boa reputação, fazendo, perante os atenienses o elogio dos atenienses. Pedro escreve que muitos homens maus seriam ouvidos por falarem coisas mui arrogantes de vaidades, seduzindo pessoas pela concupiscência da carne. (2Pd 2.18). Essas pessoas ouvem aquilo que gostam e seguem a tais pregadores inescrupulosos, ditos como certos porque falam aquilo que seus ouvidos carnais gostam.


Idéias Inatas

Platão nos diz que conhecer é recordar a verdade que já existe em nós. De alguma maneira o homem, seja qual for, necessita de Deus. Dentro de si existe o espírito que anseia por Deus. Descartes, afirmava que nossas idéias inatas são a assinatura do Criador no espírito das criaturas racionais e só podem existir porque já nasceram com elas. Podemos recordar de Deus porque antes ele nos predestinou a sermos conforme a sua imagem, para ser mais preciso, a imagem de seu filho (Rm 8.29).


O Mundo Real

O escritor aos Hebreus nos diz que este mundo não foi feito do que é aparente (Hb 11.3). Platão dizia que este mundo é cópia do mundo verdadeiro e real. Que o mundo verdadeiro é o das essências imutáveis. O escritor aos Hebreus com espiritualidade alcançou o entendimento desse mundo, é o mundo de Deus, o universo celestial da mente de Deus e da sua palavra imutável, onde nenhum ser passa para o seu contraditório.


A Idéia de Deus

A idéia de Deus foi colocada em mim pelo próprio Deus. Tal idéia não procede do nada nem tão pouco de mim mesmo que sou finito, mas de Deus. È esta a verdade que Descartes descobriu, que Paulo viu nos atenienses que ansiavam por Deus a ponto terem e honrarem um altar ao Deus desconhecido, invisível. Eles buscavam o Deus perfeito (At 17.23).


A Memória

Há na memória colocada por Deus, na razão moldada por Deus, como dizia Agostinho, tesouros inumeráveis, onde estão presentes o céu e a terra. Onde encontramos a nós mesmos e a Deus. Por isso o mesmo Espírito que molda, que ensina é o que faz vir a tona, que faz lembrar o que há na razão (João 14.26).


Causas Exteriores

Não podemos deixar que causas exteriores a nós venham nos dominar. Não devemos submeter-se às paixões. Isto está na Ética de Espinosa. Paulo já advertia para não nos deixarmos levar pelo jugo desigual: “Que comunhão tem a luz com as trevas” (2Co 6.14). Logo não devemos ser passivos, deixando-se dominar por causas externas, mas antes ser luz e rejeitar as trevas e seus ardis. Ser cristão é participar da comunhão verdadeira, é se prender aos adoradores de Deus. Prender-se no sentido de ter comunhão. Espinosa dizia que a verdadeira liberdade é aquela alcançada na companhia dos outros do que na solidão. Pois ali somos gratos e reconhecidos. Por isso vemos a liberdade real na comunhão da Igreja, no partir dos pães, nas orações (At 2.42) e, na sua plenitude, nas Bodas do Cordeiro e no gozo da eternidade.


O Procedimento da Prova

A argumentação entre várias idéias, e o mero falar não cumpre o papel de instrumento do pensamento verdadeiro, é preciso o procedimento de prova ou demonstração. Assim declara Aristóteles. Quando olhamos para a transfiguração de Jesus (Mt 17.2) encontramos naquele momento rápido não mais a força dos argumentos, mas a demonstração da divindade de Cristo. Deus não fica apenas na argumentação da palavra. Ele se transfigura, isto é, se demonstra ou se revela divinamente materializado. Fazem parte dessa demonstração nossas experiências providenciais com Deus.


A Transformação

Aristóteles descobre uma verdade a respeito da transformação: A mudança ou a transformação é a maneira pela qual as coisas realizam suas potencialidades contidas em sua essência. Não é a transformação do grão em planta ou árvore a realização de seu potencial? Assim quando Jesus compara a fé a um grão de mostarda (Lc 17.6) ele nos ensina que a fé é o potencial onde está contido aquilo que acreditamos e a realização é a transformação do potencial no concreto, do grão em planta. Tudo se rende ao potencial da fé. Por isso, o apóstolo João escreve: A vitória que vence o mundo é a nossa fé.



A Liberdade

Declara Aristóteles: Livre é aquele quem tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir. Deus fez o homem assim. Ele tinha a opção de obedecer ou não obedecer (Gn 3.6). Deus o fez livre.



Conhecimento Sobre a Realidade

Todo conhecimento, não basta ser inteiramente coerente, ele deve ser conhecimento sobre a realidade. Concluiu Aristóteles. Jesus condena os farizeus por terem o conhecimento, mas, distantes da realidade, impediam que outros entrassem nas verdades eternas (Lc 11.52)


A Estrutura da Razão

Paulo nos diz em Rm 2.14 que os gentios , que não têm a lei, para si mesmos são lei. Kant declara que possuímos uma consciência com uma estrutura necessária e a priori que organiza conceitos, sensibilidades e categorias de entendimento. Deus nos dotou de tal estrutura universal, na consciência para que pudéssemos pensar e realizar máximas imperativas universais para vivermos em sociedade.


Conteúdos da Razão

Qual é o motivo da esperança que há em nós? (1Pd 3.15) Temos tal convicção pelas experiências ou isto ocorre antes da experiência? Kant afirma que os conteúdos da razão dependem da experiência porém a razão é anterior a experiência. Ela fornece a forma. Nossos testemunhos e experiências são a matéria do nosso conhecimento, todavia, quando nos entregamos a Cristo, mesmo sem a experiência já possuímos a estrutura da salvação (universal e necessária) no novo nascimento, exemplo disso é o ladrão da cruz, não praticou obras, mas já tinha a certeza a priori da salvação.


Realidades Além do Racional

Certas realidades não podem ser racionalmente conhecidas, porém, são ideais de nossa razão que se transformam em fundamentos de nossa ética. Conclui Kant. Quando Paulo vai ao terceiro céu e houve palavras inefáveis (2Co 12.4). Ele contempla uma realidade que está fora do tempo e do espaço racional. São verdades que fundam nossa ética cristã, são realidades espirituais.


As Razões do Coração

Pascal, famoso matemático e filósofo, dizia: “É o coração e não a razão que sente Deus.” “ O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Quando os discípulos, iam pelo caminho de Emaús, o consciente não dizia que era Jesus, no entanto, o coração acusava que algo ali era diferente. O coração sentia Jesus. Por isso eles disseram “ Por ventura não ardia o nosso coração quando nos abria as escrituras.” Muitas vezes quem sente a Deus é o nosso coração. Ele arde mais que a razão, é o fogo que arde a nossa vida, é o fogo que arde o altar de nossa alma.


O Conceito

Os conceitos, explica Hegel, deformam e empobrecem o fenômeno. Quando os fariseus disseram que Jesus tinha demônio (Mc 3.20), eles deixaram que seus conceitos enfraquecessem a necessidade e a benção da libertação.


Satisfação da Alma

Hegel afirma que esperamos e exigimos não apenas a satisfação da lembrança, mas da alma. Deus levantou por Moisés uma serpente no deserto (João 3.14) não apenas para a satisfação da lembrança, mas para prefigurar a Cristo crucificado o qual está na alma satisfeita.


O Fenômeno

Husserl ensina que cada campo do conhecimento tem o seu método próprio determinado pela natureza do objeto. Natureza essa que Paulo observou para cada tipo de pessoa evangelizada: “Fiz-me como fraco para os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.” 1Co 9.22 A evangelização de Paulo era determinada pela natureza de quem era evangelizado, pela forma e modo de aproximação.


Contra o Etnocentrismo

Para Merleau-Ponty a razão estaria destinada ao fracasso se não fosse capaz de oferecer a si própria trabalho racional de conhecimento. A razão alargada luta contra o colonialismo e contra o etnocentrismo. Paulo obteve a perda do etnocentrismo e o ganho de uma consciência espiritual e alargada, o ganho de Cristo Jesus (Fp 3.8) Além de aceitar as diferenças Paulo, o apóstolo dos gentios, vê a igualdade universal e o convite à salvação em Cristo Jesus para todos os homens.


A Consciência e o Fenômeno

O centurião que foi a Jesus conhecia os fatos e a estrutura do funcionamento (Mt 8.13). “Conhecer os fenômenos e conhecer a estrutura e o funcionamento necessário da consciência são uma só e a mesma coisa.” Afirma Husserl. Pois o fenômeno já é constituído pela consciência. O centurião sabia que seu criado poderia ser curado pois ele conhecia o fenômeno da cura através de Jesus, sabia que Jesus poderia curar a distância pela sua própria experiência de autoridade a distância. Todo o processo para a cura de seu servo já estava em sua consciência. Ele creu e isso o fez ver o que não existia fora de sua consciência, mas que sua fé e seu conhecimento já apontava a solução.



O Homem Está Fadado a Liberdade

Paulo afirmou que tudo podia fazer, mas nem tudo convinha fazer. O homem é livre, a aceitar ou resignar-se, ceder ou não ceder é uma decisão livre e nossa. Por isso Sartre dizia que a liberdade é uma escolha incondicional do homem. Alguém poderia dizer: E quem é coagido? Quem está preso? Paulo e Silas demonstraram no cárcere, perto da meia noite, que mesmos presos eram livres para orar e louvar a Deus (At 16.25). Ainda segundo Sartre “O que importa não é o que fizeram conosco e sim o que fazemos com o que quiseram fazer conosco.”Paulo e Silas fizeram do mal causado a eles uma hora de benção e culto a Deus. Podemos como Rute dar um sentido novo a fatalidade. Ela tomou a decisão de ficar com Noemi e o Senhor: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” Como disse Gabriel Marcel “Viver é ter consciência de que algo nesta vida depende de mim e só de mim”.


2ª PARTE

O DIÁLOGO


Cristão: Você crê que tudo o que existe foi feito do que não é aparente e foi feito por Deus?

Filósofo: Numa concepção panteísta eu diria que tudo é Deus e Deus é tudo. Posso achar também que tudo o que existe é matéria e energia, sem existir um eu consciente ou uma causa que ligue os acontecimentos.

Cristão: Aquele que se aproxima de Deus precisa crer que ele existe e que recompensa quem o busca. Sem fé é impossível agradar a Deus. As coisas visíveis e invisíveis foram feitas por Deus. Deus mesmo é Espírito e importa que o adoremos em espírito e em verdade. Sentir Deus, um Deus pessoal que se revela através de seu filho amado Jesus Cristo, é ter o coração em chamas diante daquilo que lhe pertence e de seus assuntos. “Andamos inquietos enquanto não encontramos a Deus”. Necessitamos apenas de um toque em suas vestes, de uma migalha que caia de sua mesa, de uma palavra sua ou de seu olhar amável e carinhoso.

Filósofo: Minhas experiências podem ser interpretadas de uma forma subjetiva e particular. Quem pode afirmar que minhas conclusões empíricas não são frutos do meu eu subjetivo? Nossa mente dá significado as coisas e minha razão pode ser fruto dos meus sentimentos.

Cristão: Quanto mais conheço a Deus e os seus propósitos mais aumenta a minha fé e meu amor por Cristo Jesus. Ele é o único caminho, a verdade e a vida. Pode vir a tempestade que a minha casa não será derrubada. Mesmo que chegue a um lugar sem saída, Deus me fará passar em Cristo Jesus além do mar das dificuldades. Prostrado olharei para Cristo e ele exaltará o meu coração.

Filósofo: Alguns crêem que possuímos um conhecimento inato de Deus em nosso ser e que há princípios e máximas morais universais que conduzem-nos a necessidade de um bem maior ou ao sumo bem. Há quem veja uma ligação entre sujeito e objeto no desenvolver do Espírito Absoluto. Deus se revela nesse ora sujeito, ora objeto. Deixa de ser abstrato para ser conhecido: O Deus de conteúdo. Pode-se chegar, também, a pensar que não há realidade exterior e aquilo que existe só existe porque Deus dá significado e faz existir no meu eu subjetivo.

Cristão: Quanto mais conheço a Deus e seus propósitos para minha vida, mais entendo o que está ao meu redor. José entendeu o que Deus queria dele e soube perdoar o mau feito pelos seus irmãos no passado. Procuro ter a mente de Cristo seguindo as Escrituras, e assim se ele nos libertar verdadeiramente seremos livres. O fardo do Senhor é leve e seu jugo é suave. Não é algo que não possa carregar e ele não nos prova além das nossas forças.

Filósofo: Tentar dominar o meu futuro e o que me acontecerá como domino aquilo que está a minha mão ou ao meu alcance, não é dar um valor falso e até mesmo irreal ao meu desejo ou a minha vontade? Não é melhor estar aberto a todas as possibilidades? Desconstruir para alegrar-se numa infindável novidade de possíveis. Não é isso que nos faz continuar após uma desilusão? Não é na angústia do sofrimento e da tragédia que tomamos novos rumos?

Cristão: Ora, e quando me entrego a Cristo não sofro uma perda saudável? Quer mais aberto a possibilidades do que perder todo o meu eu para ganhar a Cristo. Quer mais individualidade do que quando me conscientizo dos meus pecados. Paulo já dizia: sei passar necessidade e ter em abundância. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. A minha fé em Cristo me faz vencer o sofrimento e a tragédia. Ando por fé e não por vista, estou aberto a todas as possibilidades de Deus, sabendo que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus. A fé me dá a certeza que o meu espírito testifica com o Espírito de Deus que sou filho de Deus e por isso salvo em Cristo Jesus.

Filósofo: O uso indevido do conhecimento lógico racional produz a ilusão de uma crença sólida; às vezes a razão ultrapassa a si mesma. Alguns dizem que o conhecimento lógico racional nos ajuda a pensar, a ordenar nossos pensamentos, contudo pode não nos revelar a verdade ou a realidade. Não que sua realidade, seu conhecimento e suas razões sejam inválidas. Há verdades que são verdades para aquilo que é útil, para aquela sociedade ou pessoa.

Cristão: O Senhor Jesus é a verdade. Muitas vezes acessível, basta procurar e achar, algumas vezes misterioso e oculto. Imanente e transcendente. “Ó Deus tão alto, tão excelente, tão poderoso, tão misericordioso e tão justo, tão oculto e tão presente, tão formoso e tão forte, estável e incompreensível, imutável e tudo mudando, nunca novo e nunca antigo”.

DERRUBANDO OS CONFLITOS DA ALMA

Lição 1
A Cura Para O Pecado

Texto Principal
Romanos 6.1-3,6,8,11-13

Introdução
As conseqüências do pecado de Adão e Eva perduram por toda humanidade.
O pecado levou a humanidade a degradação.
A Bíblia afirma que “todos pecaram e destituídos foram da glória de Deus” Rm 3.23; e “o salário do pecado é a morte” Rm 6.23

1.Início e Abrangência do Pecado
Pecado no seu sentido principal é errar o alvo, do grego hamartios, Jo 9.41. Também há no grego para descrever pecado: adikia, praticar injustiça, 1Jo 5.17; anomia, transgredir a lei, 1Jo 3.4; apistia, abandonar a fé, Hb 3.12. Ver Rm 5.12; Sl 78.10,11.
O pecado vai contra a vontade e o caráter de Deus. Deus é Santo (no hebraico qadosh e no grego hágios) e o pecado nos afasta de sua santidade.
Deus deseja ter uma intima comunhão com o homem, do grego koinonia, do latim comunicare, comunicar. O pecado afasta o homem da comunhão com Deus.
1,1 A Origem do Pecado
Agostinho nos diz que o mal é a ausência do bem, não é uma substância palpável, mas uma atitude de se afastar do certo, do Supremo Bem, de Deus: “Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema – de ti ó Deus”. No momento que Satanás se afasta de Deus, que deseja algo contrário a vontade de Deus ele gera o mal e conseqüentemente o pecado. Ver Ez 28.15.
Satanás levou o homem e a mulher também a desobedecer a Deus, a pecar contra Deus. Gn 3; Rm 5.12-19.
1.1.1 O Coração do Pecado
O egoísmo é o coração do pecado. Nele reside o orgulho e a rebelião. No sofisma de querer ser igual a Deus, levados pelo engodo de Satanás e de sua falácia, Adão e Eva caíram e perderam a glória de Deus, Gn 3.5
1.2 A Essência do Pecado
O pecado original, herdado de Adão, é universal. Sl 51.5 Neste sentido a palavra mundo, no grego Kosmos, assume a forma de uma humanidade caída que Deus deseja resgatar Jo 3.16. Todavia, assume também uma atitude e vontade guiada pelo “deus deste século” 2Co 4.4, que é uma total rebelião e perversão contra Deus, 1Jo 3,8.
O pecado é também individual. Kierkegaard afirma que nada mais individualiza o homem do que o seu pecado. Mesmo sendo influenciado por forças demoníacas (Ef 6,11) o indivíduo é responsável por suas atitudes, Rm 14.12.
Deus sempre quis resgatar o homem de seus pecados. Este é o sentido original do sacrifício: o resgate (da palavra hebraica kippurim, expiação derivado da palavra kaphar, que significa cobrir). Deus deu ao homem a lei para orientá-lo a não pecar, porém o coração egoísta fez com que a lei ficasse enferma, pois a transgredindo o homem dava legalidade ao pecado; e aquilo que era para vida transformou-se em morte. Erradamente os gregos (estóicos, platonistas etc) e os judeus viram a força do pecado no corpo, grego soma. A força do pecado está na vontade egoísta do homem, na concupiscência da carne, do grego sarxis. Esta força só é quebrada, não pela lei, mas aceitando Jesus Cristo como salvador e seu sacrifício na cruz, Rm 4.1; 1Pe 1.18,10



2. Conseqüências do Pecado
O pecado escraviza o homem, Rm 6.16, Influencia seu caráter e lhe traz comportamentos afastados da vontade de Deus.
A culpa é inerente a consciência daquele que erra. É culpado para si e para Deus. A culpa sem arrependimento merece condenação, Tg 2.9,10; Gl 3.10
Karl Barth interroga, o que é o homem agora, após a queda e aquém da ressurreição:
“O homem é o seu próprio senhor e a sua condição de criatura é o seu grilhão, seu pecado, a sua culpa; sua morte, o seu destino; seu mundo é um caos disforme que flutua ao léu sob a ação de forças naturais, anímicas e algumas outras. Sua vida é uma aparência”.
Todavia há quem não se sinta culpado pois tem a sua consciência cauterizada pelo pecado, com ele estabelece uma sorte de compromisso, um modus vivendi. A condenação deste nesta condição também é certa. Ver 2Co 510; Rm 14.10.
A morte é o pagamento do pecado, Rm 6.23. Na Bíblia há três tipos de morte: morte física, conseqüência do pecado do primeiro homem, Gn 2.17; morte espiritual, quando a pessoa está separada de Deus, Ef 4.17,18 e morte eterna quando após julgado for lançado no lago de fogo Ap 20,14,15

3. A Cura
O único mediador entre Deus e os homens é o nosso Senhor Jesus Cristo. Só ele pode perdoar nossos pecados, 1Jo 1.9. Ele é o Sumo Sacerdote da graça, de linhagem eterna, sem princípio nem fim. Aquele que o nosso coração não encontrava descanso antes de encontrá-lo.“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-te! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava contigo!” Nele e com ele o nosso pecado foi crucificado na cruz. Morreu o nosso velho homem e ressuscitou o novo homem, Rm 6.6-8 para viver em novidade de vida 2Co 5.17

Conclusão
“Uma das definições capitais do cristianismo é que o contrário do pecado não é a virtude, mas, sim a fé” Kierkegaard. Nietzsche declarou que a moral muitas vezes é imposta e é força de alienação. Jung afirma: “A condenação moral não liberta; ela oprime e sufoca. A partir do momento em que condeno alguém, não sou seu amigo e não compartilho de seus sofrimentos; sou o seu opressor”. Ora pecar não é só transgredir uma lei; é rejeitar a obra de Cristo na cruz e os princípios da Palavra de Deus. É algo que procede do coração humano, donde Jesus nos diz que saem os maus desígnios. Aquele que se arrepende de seus pecados, do grego metanóia voltar às costas para o pecado, e crê em Jesus, grego pisteo que significa entregar-se por completo sem ressalvas, passa para o Ministério do Espírito, 2Co 3.3-11, para a obra da graça de Deus, do grego káris, favor imerecido. Como afirma Lutero: “Só o preso é liberto, só o fraco é robustecido, só o humilde é exaltado; só o que está vazio se farta. Apenas o nada se torna algo”.
Vivendo segundo o fruto do Espírito, Gl 5.22,23, contra o qual não há lei ou moral imposta, pois a lei de Cristo é espírito e vida.

sábado, setembro 22, 2007

Deus Tem o Melhor!

Deus tem sempre o melhor para você! Além das lutas e dificuldades, além de toda adversidade Deus escolheu para a sua vida o melhor. Não importa a sua dificuldade. Deus quer você como um vaso de bençãos e unção. Ele te encherá da sua unção, da sua glória e amor. O louvor estará em seus lábios e a glória de Deus em seu redor. Nenhuma uma angústia, dor, tristeza se nomeará em sua vida. O adversário virá sobre ti, todavia Deus sempre será vitorioso, ainda que tirem sua visão e te impessam de caminhar. Deus derramará da sua cura e te fará profeta das suas boas novas. Há aqueles que se afastam do louvor de Deus, por não o reconhecerem como o Criador e o verem como um juiz apenas. Deus é um Deus amoroso que deseja o melhor para nós. O melhor de Deus: alegria, felicidade, equilibrio, segurança, amor, vida, comunhão, louvor, libertação, abundância, em fim tudo de melhor. Dê-se para Deus, entregue-se ao seus braços, ame-o pois ele sempre te amou. Ele não te quer um derrotado, ele te quer um verdadeiro adorador!

domingo, abril 08, 2007

Professor Márcio Ruben
O PROFETA DE DEUS

1) Qual deve ser nossa resposta ao chamado do Senhor? R: Eis-me aqui envia-me a mim. Is 6.8,9
2) Como deve ser conhecido aquele que é chamado pelo Senhor? R: Homem de Deus. 2Rs 4.21
3) O Senhor nos tem posto como o que na sua casa? R: Como atalaias. Ez 3.16-21
4) O que deve sair da boca do profeta de Deus? R: Palavra boa para promover a edificação. Ef 4.29
5) O que não devemos fazer? R: Entristecer o Espírito de Deus. Ef 4.30-32. Não devemos negligenciar o poder de Deus, a atuação do Espírito Santo, por causa do medo de sermos considerados fanáticos ou alienados religiosos, tal atitude de conter ou reprimir a atuação de Deus é um erro gravíssimo. Pois reprimir a vontade de Deus não é um pecado pequeno.
6) Ageu trouxe a mensagem da edificação da Casa do Senhor. Como foi chamado? R: Embaixador do Senhor. Mensageiro do Senhor. Ageu 1.13
7) O profeta do Senhor deve profetizar sobre quem? R: Ez 37.1-10 Sobre os ossos secos; os mortos espiritualmente. Isto sim é avivamento, pois avivamento não é a festividade, não é o regozijo mas é em seu primeiro momento o coração quebrantado diante do Senhor: “eu estava morto e revivi”, o mais é conseqüência.
8) Antes de fazer alguma coisa a quem Deus revela o seu segredo? R: Aos seus servos, os profetas. Amós 3.7 Contra todo ceticismo a experiência cristã fala mais alto, Deus nos fala e isto é real: Deus responde nossas perguntas, Deus transmiti ordens, nos avisa do que está oculto, muda maus procedimentos, tira nosso orgulho, salva nossa alma do abismo do desespero e da perdição, nos enche com o seu amor.
9) O que faz o profeta de Deus com as palavras que vêm de Deus? R: As come. Jr 15.16. A palavra não digestiva do hedonismo, do niilismo traz discórdia, destruição, ganância e conduz para longe de Deus. A Palavra de Deus é gostosa e reflete o bem supremo e absoluto, aquilo que Deus tem de melhor para nós.
10) O que é a palavra de Deus para o homem e a mulher de Deus? R: Gozo e alegria do seu coração. Jr 15.16. É chuva torrencial de Deus. Ez 1.1
11) É desejo de Deus que o ímpio morra na sua impiedade? R: Não. Ez 18.23
12) O profeta de Deus é um instrumento de Deus escolhido para quê? R: “Para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como aos filhos de Israel.”At 9.15, Ver João 15.16 Pregar o Reino de Deus: a cura divina – a vontade de Deus é restaurar tanto física como espiritualmente a humanidade caída; a libertação – das potestades que escravizam o homem e do pecado; os dons de Deus; o fruto do Espírito; a volta de Cristo, as bodas do Cordeiro e a eternidade com Deus.
13) O que o homem e a mulher de Deus devem ser? R: 1. Humildes – Exemplos: a) Gideão Jz 6.15; b) Davi 1Sm 18.18. 2. Corajosos – Exemplos: a) Pedro e João perante o Sinédrio At 4.18-20; b) Estevão perante o concílio At 7.51; c) Na proclamação do Reino de Deus e do seu evangelho Marcos 16.
14) O que é o Reino de Deus? R: Demonstração do poder divino em ação. Mt 12.28
15) O profeta de Deus não pode proclamar uma teocracia relígio-política. Que tipo de poder é proclamado? R: Espiritual. João 18.36-37
16) Quando o homem e a mulher de Deus proclamam o Reino de Deus no mundo o que acontece? R: a) O inferno se abala. Mt 12.28,29; Mc 1.23,24; Jo 18.36; b) Destrói-se o domínio de Satanás. João 12.31; 16.11; c) Há libertação. At 26.18; Mc 3.14,15; Rm 6; d) Há cura divina. At 4.30; 8.7; e) Salvação e santificação. Jo 3.3; 17.17; At 2.38-40; 2Co 6.14-18; d) Batismo no Espírito Santo com poder para testemunhar. At 1.8; 2.4
17) O que diz Pedro que somos? R: Raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. 1Pd 2.9
18) Multidões estão sendo despertadas pelo poder de Deus, e estão a perguntar “que faremos?”. Amigo, qual será a tua resposta a esta pergunta: Que faremos? R: Arrependei-vos. Atos 2.38; Rasgai o vosso coração. Joel 2,13
19) O que é necessário para as almas gritarem: O que faremos? R: Que vejam em nós, em nossa igreja, em nossos cultos, o poder de Deus. Que ouçam mensagens ungidas pelo o Espírito Santo, onde haja glória e aleluia. Precisam ver e ouvir o poder e sobre o poder de Deus.
20) Por que há igrejas nas quais ninguém pergunta: Que faremos? R: Porque não têm a resposta, falta o poder de Deus, não há liberdade para o Espírito de Deus.
21) Para que os homens possam perguntar com que poder e em nome de quem fizestes isso (At 4. 9,10). O que é preciso? R: Passar pelo pentecostes; adquirir outra visão! At 4.10. Passar pelo pentecostes é ficar totalmente envolvido no Espírito Santo, é imergir, mergulhar, submergir no (em + o) Espírito Santo. É iniciar um ministério poderoso e espiritual.
22) O que diz a visão natural e do conhecimento humano? R: Pregar com cuidado para que não nos chamem de loucos, pregar com a razão sem emoção sem sair do que foi programado.
23) Na igreja onde há coxos curados qual pergunta sempre haverá? R: Em nome de quem fizestes isto? Um grama do poder de Deus vale mais que todas as experiências intelectuais, apriorismo ou dialética da razão. Que todo ateísmo filosófico, ou antropologia da necessidade de Deus, que todo pragmatismo materialista ou ceticismo agnóstico. ”Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos, mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Is 56.9
24) O profeta de Deus é um Filipe por quê? R: Entende o que lê, se submete total e completamente ao Senhor, recebe a revelação divina e esclarece a Palavra. At 8.28
25) Entendes tu o que lês? R: Quantos bacharéis em teologia negando o poder do Espírito Santo. Quantos líderes negando a inerrância da Bíblia, não acreditando nos milagres da Bíblia e no sobrenatural de Deus. Precisam como o Eunuco chamar quem entende para explicar, para receber a benção de Deus por inteira, por completa. Para ver que o poder de Deus é mais profundo que o abismo em que eles se encontram.

quarta-feira, setembro 13, 2006

A RAZÃO EM HEGEL

A Filosofia preocupada em garantir a diferença entre a mera opinião (“eu acho que”, “eu gosto de”, , “eu não gosto de”) e a verdade (“eu penso que”, “eu sei que”, “isto é assim porque”), considerou que as idéias só seriam racionais e verdadeiras se fossem intemporais, perenes, eternas, as mesmas em todo tempo e em todo lugar. Uma verdade que mudasse com o tempo ou com o lugar seria mera opinião, seria enganosa, não seria verdade. A razão sendo a fonte e a condição da verdade teria também que ser intemporal.
É essa intemporalidade atribuída à verdade e à razão que Hegel criticou em toda filosofia anterior. Hegel afirmou que a razão é histórica e que a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos é obra racional da própria razão. A razão não está na História; ela é a História; a razão não está no tempo, ela é o tempo. Ela dá sentido ao tempo. A razão é a unidade necessária do objetivo (a verdade está no objeto) e do subjetivo ( a verdade está no sujeito). Kant deu prioridade ao sujeito do conhecimento, enquanto inatistas e empiristas davam prioridade ao objeto do conhecimento. Em Hegel esses conflitos são a história da razão buscando conhecer-se a si mesma e graças às contradições entre as filosofias a Filosofia pode chegar à descoberta da razão como síntese, unidade ou harmonia das teses opostas ou contraditórias. Para Hegel o Espírito nunca está em repouso, mas é concebido sempre num movimento progressivo; a razão é o agir de acordo com um fim.
Enquanto para Kant o fenômeno indicava aquilo que no sujeito do conhecimento, sob as estruturas cognitivas da consciência, isto é, sob as formas do espaço e do tempo e sob os conceitos do entendimento; fenômeno para Hegel é mais amplo que para Kant, tudo o que aparece só pode aparecer para uma consciência e que a própria consciência mostra-se a si mesma no conhecimento em si, sendo ela própria um fenômeno. Hegel aboliu a diferença entre consciência e o mundo. Fenômeno interior é a consciência e fenômeno exterior é o mundo como manifestação da consciência nas coisas.
O fundamento do sistema ou visão do mundo de Hegel é a noção de liberdade. A Historia pode ser vista como um progresso em direção á liberdade. No progresso do Espírito, existem suas manifestações. A mais baixa manifestação do Espírito é a Natureza e a mais alta é a cultura. Na cultura o Espírito se realiza como Arte, Religião e Filosofia, numa seqüência que é o aperfeiçoamento rumo ao término do tempo. Em lugar de opor religião e filosofia, Hegel faz da primeira uma etapa preparatória da segunda.
Segundo Habermas a filosofia , ou melhor , o pensamento filosófico transformou-se depois de Hegel. Não podia ser mais compreendido como filosofia, mas como crítica. Crítica ao caráter elitista da filosofia tradicional. Também a filosofia após Hegel dividiu-se, rompeu-se a unidade entre filosofia teórica e a filosofia prática. Com os jovens hegelianos, com as motivações sistemáticas desenvolvidas pelo marxismo, pelo existencialismo e pelo historicismo, a filosofia prática conquistou independência.
Hegel foi o último filósofo sistemático, até ele havia uma unidade entre filosofia e ciência, teoria e prática.

ARTE E SOCIEDADE

Adorno, Marcuse e Benjamin

A ambivalência do esquecimento corresponde à da memória: instrumento de inculcar deveres opressivos, ela se torna arma da revolução, motor da negatividade criadora, no instante em que o Espírito revive seu calvário (Hegel) ou em que o paciente recorda os traumas originários da neurose (Freud).

O absoluto que consiste em “pôr-se a si mesmo”, isto é, em desdobrar-se ante a consciência, é o que Hegel chama Espírito... O Espírito é a um só temo desdobramento e reflexão. O Espírito se torna outro, para si próprio. Por isso, a despeito de ser a substancia de todos os seres, ele só é, em grau superior, nos seres dotados de reflexão, e por isso a Fenominologia é a crônica da vida do Espírito enquanto ele se confunde com os diversos estágios da consciência e da historia da humanidade.

Na Filosofia da Religião, o filósofo [Hegel] não poderia ter sido mais explícito: “...a história do conteúdo de Deus é também, essencialmente, história da humanidade, o movimento de Deus em direção ao homem e do homem em direção a Deus”.

A exaltação frankfurtiana da dignidade da consciência crítica reconhece no Absoluto que se transforma consciente da sua transformação um claro e ilustre ancestral. Assim Adorno reencontra Hegel quando afirma que também na obra é o Outro – a brecha que contesta, pela diferença, a opressão da sociedade. Todo grande artista prefere a ruptura à falsa harmonia da forma identificante, assimiladora, igualitária.Este foi o desafio de Mahler em cuja obra “a ruptura se torna lei formal”, e de Kafka, cuja forma era “negada” pelo conteúdo da sua narrativa.

O estilo que testemunha a desumanização não pode transmitir o naturalmente humano, o valor e a qualidade que a repressão destrói ou neutraliza, O estilo que presencia a violência é ele próprio vítima da tortura: é como forma amaldiçoada e retorcida que se recusará a dizer, numa última resistência, num protesto tão raivoso quanto inútil contra a falta do sentido real... A ruptura do estilo é uma forma de guerrilha, uma estratégia de subversão estética inspirada no anelo desesperado da subversão real.

Por não ser, a rigor uma simples estética, e sim uma ética utópica modelada artisticamente, a teoria de Marcuse expõe sempre uma arte triunfante, baseada na expressão tranqüila e plena de uma harmonia superior. A vida na sociedade sem repressão é uma obra de arte clássica. Em contraste com esse esteticismo glorioso, a arte segundo Adorno é a encarnação do desespero, da revolta e da dilaceração.

O culinário em arte representa a vitória do “gostoso” sobre a profundidade emotiva e a carga intelectual do verdadeiro processo estético.

Lucáks explica a relação entre a obra de arte e a realidade através da categoria de reflexo-reflexão. A obra de arte reflete o mundo e ao mesmo temo reflete sobre o mundo.

Lucáks vira no romance a mediação dialética entre duas formas literárias historicamente anteriores a épica e a tragédia. O espírito da epopéia seria o sentimento de comunhão do homem com o mundo; o espírito da tragédia, a denúncia da desarmonia entre o indivíduo e a comunidade, entre o humano e a ordem social. Definido em relação a ambos esses pólos, o romance representaria a solidão, porque o herói romanesco, tal como protagonista da tragédia, procura valores que inexistem na sua sociedade. Mas a solidão acompanhada de uma certa ligação com a coletividade, porque esta, tanto quanto herói à procura deles, desconhece os valores qualitativos, as normas autênticas. O herói só se opõe ao mundo enquanto os busca, porque a sociedade não o segue nessa caça axiológica.

sábado, setembro 09, 2006

A HOMILÉTICA E A RETÓRICA

A HOMILÉTICA E A RETÓRICA
Professor Márcio Rúben
INTRODUÇÃO
A homilética é a arte de elaborar e apresentar sermões. Logo, se a elaboração de sermões pode existir sem preparativos com maior razão poderá existir – com a arte e cuidados. A homilética nos leva a falar com mais coerência, organização, desenvoltura e propriedade. A história geral do mundo tem sido feita por homens que sabiam falar, que sabiam exprimir uma mensagem, que compeliam as pessoas a agir. Homens com sermões que faziam diferença no dia a dia.
ASSUNTO
É muito importante saber o que você vai falar. Leia, pesquise, domine o assunto. Pedro em seu sermão não se levantou para fazer uma série de observações isoladas, pois havia forma bem definida. Antes mesmo de começar é preciso saber aonde queremos chegar. Também é muito importante haver progressão de pensamento de maneira que o primeiro ponto conduza ao segundo e o segundo a um terceiro etc. Sondando o texto com perguntas encontraremos o assunto que deve dominar o sermão, o qual está ligado a toda Bíblia,
A INTENÇÃO
Na pregação importa recorrer de preferência ao raciocínio dedutivo, isto é. Pensar e exprimir-se de forma sistemática ligando a passagem em questão a outros versículos e passagens bíblicas, embasam a mesma doutrina ou ensinamento. O mais importante do sermão não é a persuasão, mas fazer com que os ouvintes aprendam a discernir, a entender a verdade. Mesmo os termos difíceis da teologia devem ser aplicados e explicados. Possuímos a revelação e precisamos torná-la compreensiva.
III. A FORMA DO SERMÃO
Em primeiro lugar, se o meu sermão não estiver claro e bem ordenado em minha mente não posso pregá-lo a outras pessoas, pois para facilitar o acompanhamento da mensagem ela precisa ser organizada. Na introdução começa-se por exprimir logo de entrada o que se pretende dizer e apresentar-se a idéia geral. Pode-se começar na forma de conselho, fazendo referência com elogios ou reprovações, ou diretamente a questões que dizem respeito aos ouvintes de modo geral. Importa-se obter a atenção dos ouvintes para todas as partes do sermão, não só na introdução. Então sempre que se oferecer ocasião devemos nos dirigir aos ouvintes chamando a atenção deles à importância do que estamos dizendo e do que vamos dizer. É um erro pensar que o apelo só faz parte do final do sermão. O apelo é parte integrante da pregação. Colabora bastante aprender a se relacionar com os ouvintes, saber que estão ali porque querem nos ouvir, que é essencial como se fala: não tente falar como se escreve pois perde-se a naturalidade. Enquanto o estilo escrito é mais exato o estilo das discussões é o mais dramático. Por exemplo, as freqüentes repetições da mesma palavra são censuradas no discurso escrito porém nas pregações são meios da própria ação.
A NARRAÇÃO E A METÁFORA
Ao narrar procure a justa medida: nem a rapidez, nem a concisão excessiva. Na narração conceder-se-á ainda a expressão (drama) assim como a metáfora. É naturalmente agradável a todos aprender sem dificuldade. Este é o efeito produzido pela metáfora; põe o fato diante dos olhos, faz ver os fatos tais quais são. Traz a principal virtude do estilo: a clareza. O estilo da pregação assemelha-se ao desenho em perspectiva, quanto mais numerosa é a multidão dos espectadores, mais afastado deve ser o ponto donde se olha. Pelo que, a exatidão dos pormenores é supérflua e causa mau efeito tanto no desenho como no discurso. Todavia nem a narração, nem a metáfora, devem ser ridículas, inconvenientes, excessivamente pomposas e trágicas ou obscuras pois trazem frieza ao sermão.
A TRANSIÇÃO
Para se falar com pureza e coerência é preciso o uso de conectivos e sentenças de transição. Palavras que ligam orações, tais como: portanto, embora, conforme, isto é, a fim de que, todavia, desde que, etc. As orações de transição para se estabelecer uma conexão suave entre proposição (declaração simples, mas específica, da verdade eterna do sermão) com o corpo sermão. A sentença de transição une o sermão e suas divisões. É importante tornar claro cada passo, o que será tratado na próxima fase da mensagem. No lugar das conjunções, nas transições, usam-se palavras específicas, como: aspectos, benefícios, causas evidências, critérios, fatores, motivos, observações, razões, respostas, verdades, etc. O uso de transições e conectivos leva a um estilo coordenado que não tem fim, todavia ninguém há que não deseje ver claramente o fim das coisas. Portanto é de bom grado que o assunto chegue ao termo. Obs.: Outra forma de ampliar a mensagem consiste em empregar definições. Alguns usam, talvez indevidamente, falar de coisas alheias ao assunto.
A CONCLUSÃO
O início da conclusão consistirá em declarar que expomos o que tínhamos prometido, por conseguinte devemos relembrar o que pretendemos expor ou demonstrar.
A DISCUSSÃO
O desdobramento da mensagem envolve a explanação, a argumentação e a demonstração. Contudo a simples argumentação não cumpre o instrumento do pensamento verdadeiro, pois quem o cumpre é a lógica demonstrativa. O pensamento verdadeiro exprime a realidade da coisa pensada, portanto, a lógica nos leva a definição do assunto estudado. A definição deve dar o quê, o porquê, o como e o conceito (qual o resultado) do assunto investigado, da mensagem a ser explanada. Por exemplo, o assunto é o poder espiritual: Que é o poder espiritual? Por que o poder espiritual? Como se obter o poder espiritual? Quais são os resultados do poder espiritual? Isto nos oferece a essência do assunto investigado e a maneira de ver o texto de forma mais ampla, conduzindo-nos a um enunciado ou afirmação de caráter moral e ético. Não basta que nossas palavras sejam intencionalmente coerentes, elas precisam ser estruturadas sobre a realidade, sobre a experiência, sobre algo que pode conectar, o pregador aos ouvintes pois eles ouvem em geral o que previamente se identificam e de maneira inteiramente individual.
A PESQUISA
Verificar os antecedentes históricos e culturais do texto: autor do livro, destinatário, época, contexto cultural, geográfico, político, teológico e as confirmações arqueológicas. Verificar palavras, frases, idéias que se repetem. Observar os verbos principais, o tempo verbal que domina o texto, a direção da ação: passivo e ativo. A pesquisa depende de como queremos a conduzir, pois a discussão comporta três gêneros: deliberativo, judiciário e demonstrativo. O gênero deliberativo, isto é, que procura resolver questões aconselhando ou desaconselhando; tem por objeto uma visão futura da aplicação do texto. O gênero judiciário procura acusar ou defender, fixa a investigação no passado, nos fatos pretéritos. O gênero demonstrativo tem como alvo o presente porque toda a pesquisa visa a conduta elogiando ou censurando, todavia na demonstração acontece que utilizamos a lembrança do passado ou presumimos o futuro.
ENSAIOS
Podemos desenvolver sermões demonstrando os seguintes enunciados (concordando, discordando ou apresentando soluções):
Nossos sentimentos falam mais que a razão. Ex: Lc 24.32;
Conhecer é recordar a verdade que já existe em nós. Ex: Rm 8.29;
A razão é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ex: 2Co 12.2;
A razão está destinada ao fracasso se não aceitar novos princípios. Ex: Fp 3.8;
A razão possui uma estrutura universal. Ex: Rm 2.14;
A liberdade da razão nos faz sentir andarilhos sobre a terra. Ex: Hb 11.13
Encontro no meu espírito a idéia de um Ser infinito e perfeito. Ex: At 17.23
Estamos condenados a liberdade, pois tanto conformar-se ou resignar-se é uma decisão livre. Ex: 1Co 6.12;
Conhecer é passar da aparência a essência. Ex: 1Co 13.12;
A razão na batalha interna entre teses e antíteses vai sendo enriquecida. Ex: 1Co 14.20;
Somos seres naturalmente passionais, porque sofremos a ação de causas exteriores a nós. Ex: 2Co 6.14;
A razão é anterior a experiência; a razão oferece a forma e os sentidos a experiência. Ex: 1Pd 3.15;
O pensamento mítico reúne experiências e narrativas que levam a explicação das coisas. Ex: 1Sm 12.20,21;
O método é o modo seguro de aplicar a razão a experiência. Ex: Dt 6.9;
O pensamento verdadeiro exige procedimento de prova e demonstração. Ex: Mt 17.2;
A moral racionalista transforma tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício e culpa. Ex: Mt 23.4;
O importante é o que vamos fazer com o que fizeram de nós. Ex: At 16.25;
Nosso psiquê é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. Ex: Rm 7.23;
É livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir e não agir. Ex: Gn 3.6;
A liberdade é a capacidade para darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade. Ex: Rt 1.16;
O ser humano é mais livre na companhia dos outros do que na solidão, pois somente os livres são gratos. Ex: At 2.42;
Todo fato ou idéia deve passar pelo crivo da dúvida metódica. Ex: 1Co 14.29;
É a própria consciência que constitui os fenômenos. Ex: Mc 13.10;
Todos os homens têm por natureza o desejo de conhecer. Ex: At 1.10;
Sentimos e percebemos totalidades estruturadas dotadas de sentido ou de significação. Ex: Ne 6.12;
A memória hábito é um automatismo psíquico que adquirimos pela repetição contínua de alguma coisa. Ex. Lc 22.19;
A palavra longe de ser um simples signo dos objetos e das significações habita as coisas e veícula significações. Ex. Rm 10.8;
Cada campo do conhecimento tem seu próprio método. Determinado pela natureza do objeto. Ex. 1Co 9.22;
O conhecimento verdadeiro é o conhecimento das causas e tudo o que existe possui causa. Ex Jo 14.10;
O mundo verdadeiro é o das essências imutáveis. Ex. 2Co 12.14;
A mudança ou transformação é a maneira pela qual as coisas todas as potencialidades contidas em sua essência. Ex. Lc 17.6;
Os objetos existem na medida em que são percebidos. Ex: Gn 1.2,3;
Somos resultado e expressão de nossa história de vida. Ex: Jo 4.17;
Um homem que escolhe viver a vida moderna intensamente deve ser extemporâneo. Ex: 1Co 15.29;
A raiva das pessoas revela muito das suas preocupações, e é a única paixão que requer palavra e razão. Ex: Ef 4.26;
Sabemos muito pouco para sermos dogmáticos e muito para sermos céticos. Ex: Jo 3.1,2;
Não basta a ciência ser internamente coerente, ela deve ser também ciência sobre a realidade. Ex: Lc 11.52;
A conceitualização empobrece e deforma os fenômenos. Ex: Mc 3.30;
Existe incompatibilidade entre o conhecimento da natureza e o conhecimento da história. Ex: Rm 8.22;
Um indivíduo representa a espécie humana. É ele e é todos, é um indivíduo e o representante de todas características da espécie humana. Ex: 1Pd 2.24;
A felicidade reside na existência imortal do intelecto contemplando o Ser Eterno. Ex: Is 41.10;
A felicidade é a alegria puramente subjetiva que acompanha o sucesso na realização dos nossos planos. Ex: At 7.55;
Uma pessoa individual humana, quanto mais pessoa é, costuma ser muito rápida em seu agir. Ex: At 21.13;
A verdade de cada objeto está nas suas fronteiras com os outros. Ex: Lc 9.49,50;
Com efeito o que está muito afastado não inspira temor: todos sabem que hão de morrer, mas como esta eventualidade não está próxima não se preocupam com isso. Ex: Lc 12.19;
Uma coisa acontecerá se todos seus antecedentes naturais já se tiverem verificado. Ex: Mt 24.32,33;
A boa vontade é o único bem incondicional. Ex: Lc 2.14;
Enchentes ferem os homens não porque eles sejam pecadores, mas porque não construíram represas. Ex: Jo 9.2;
A elite tem como preocupação básica a auto preservação confortável. Ex: Mt 2.3,4;
O entendimento humano, ao misturar sua própria natureza com as das coisas, deforma e desfigura as imagens. Ex: 1Sm 16.7;
A contemplação das idéias e do Ser Eterno são a fonte do conhecimento. Ex: Jo 17.5,7,8.
X. O SERMÃO EFICAZ
“O pregador que aponta para um só alvo, alcançara vários objetivos.” Noyes
“A pregação com autoridade é eficaz. Há algo no coração humano que responde ao que se proclama com convicção.” Crand
“Você precisa de força suficiente em seu discurso e em seu assunto para levar os ouvintes acima da terra, a qual estão apegados por natureza e elevá-los para mais perto do céu.” Spurgeon
“Numa pregação evangelística, não busque curar a ferida antes de o ferimento ser sentido.” Moody
“Um sermão tem algo parecido com uma estrada, somente quando chegamos a uma bifurcação do caminho, nos detemos para pensar qual o rumo que devemos tomar.” Gerrison
“Um pregador sempre deveria estar crescendo, avançando e se desenvolvendo de maneira tal que aquilo que não era capaz de fazer em seus dias de juventude, deveria poder fazê-lo na idade madura e na velhice.” M. Loyd-Jones
“O que se faz necessário no púlpito é autoridade. A maior necessidade da Igreja atual consiste em restaurar essa autoridade ao púlpito.” M. Loyd-Jones
“Um sermão fraco se faz quando Cristo não está nele.” J. Edwards
“No que consiste a pregação? Em lógica pegando fogo! Em raciocínio eloqüente! É a teologia em chamas.” M. Loyd-Jones
A ESTRUTURA DA MENSAGEM
Título: È o anúncio adequado do sermão. Deve ser interessante, mas digno do púlpito. Importa que seja breve;
Introdução: É o processo pelo qual o pregador procura preparar os ouvintes e prender-lhes o interesse pela mensagem. Deve ser breve e interessante;
Proposição: Deve expressar a idéia principal do sermão. Deve ser específica. Formulada no tempo presente, é a afirmação de uma verdade vital e eterna.
Divisões: Devem originar-se da proposição e desenvolvê-la;
Discussão: É o desdobramento das idéias contidas nas divisões;
Ilustrações: É o meio de clarear a compreensão de um sermão através de um exemplo. Não se deve exagerar e deve ser apropriada, clara e acreditável;
Aplicação: Na aplicação relaciona-se o sermão as necessidades humanas. Pode-se usar a imaginação para dar vida a textos bíblicos. Sem deturpá-los, é claro!
Conclusão; É o clímax do sermão. Pode ser um apelo ou um desafio imperioso. Breve e simples, pode ser a reprodução do pensamento principal do sermão ou a própria citação do texto principal lido.
Observações: Uma proposição para ser vigorosa e direta precisa ser limitada e não se detém em referências geográficas ou históricas. Mantenha um contato ocular constante com povo, olhando com pouca freqüência para as anotações. Não tenha pressa para passar de uma divisão para outra, porém condense seus sermões para não cansar a congregação.
XII. O PREGADOR (Idoneidade)
Crê na verdade, tem o desejo de servir, sabe que forma ideais, estuda e conhece as Escrituras, compreende as diferenças humanas e culturais, não é etnocêntrico, tem na transformação de vidas maior alegria do que em si mesmo, do que sua eloqüência. Sabe que está ali entre Deus e os homens, falando entre o tempo e a eternidade. Tem convicção bíblica. E assegura a liberdade de raciocínio. Seu testemunho é o sermão que toca fundo no coração do ouvinte. Tem cheiro de ovelha porque sempre está no meio e em contato com as pessoas.
CONCLUSÃO
Mais que a pregação precisamos amar as pessoas a quem pregamos. O coração humano está faminto de compreensão e aproximação. Estamos entre a vida e a morte. Ao subir ao púlpito é preciso pedir a Deus que ele fale ao povo por seu intermédio. Você estará falando de Cristo, em Cristo e por Cristo Jesus nosso Senhor e Deus Bendito eternamente. Amém! Ora Vem Senhor Jesus!