quarta-feira, setembro 13, 2006

A RAZÃO EM HEGEL

A Filosofia preocupada em garantir a diferença entre a mera opinião (“eu acho que”, “eu gosto de”, , “eu não gosto de”) e a verdade (“eu penso que”, “eu sei que”, “isto é assim porque”), considerou que as idéias só seriam racionais e verdadeiras se fossem intemporais, perenes, eternas, as mesmas em todo tempo e em todo lugar. Uma verdade que mudasse com o tempo ou com o lugar seria mera opinião, seria enganosa, não seria verdade. A razão sendo a fonte e a condição da verdade teria também que ser intemporal.
É essa intemporalidade atribuída à verdade e à razão que Hegel criticou em toda filosofia anterior. Hegel afirmou que a razão é histórica e que a mudança, a transformação da razão e de seus conteúdos é obra racional da própria razão. A razão não está na História; ela é a História; a razão não está no tempo, ela é o tempo. Ela dá sentido ao tempo. A razão é a unidade necessária do objetivo (a verdade está no objeto) e do subjetivo ( a verdade está no sujeito). Kant deu prioridade ao sujeito do conhecimento, enquanto inatistas e empiristas davam prioridade ao objeto do conhecimento. Em Hegel esses conflitos são a história da razão buscando conhecer-se a si mesma e graças às contradições entre as filosofias a Filosofia pode chegar à descoberta da razão como síntese, unidade ou harmonia das teses opostas ou contraditórias. Para Hegel o Espírito nunca está em repouso, mas é concebido sempre num movimento progressivo; a razão é o agir de acordo com um fim.
Enquanto para Kant o fenômeno indicava aquilo que no sujeito do conhecimento, sob as estruturas cognitivas da consciência, isto é, sob as formas do espaço e do tempo e sob os conceitos do entendimento; fenômeno para Hegel é mais amplo que para Kant, tudo o que aparece só pode aparecer para uma consciência e que a própria consciência mostra-se a si mesma no conhecimento em si, sendo ela própria um fenômeno. Hegel aboliu a diferença entre consciência e o mundo. Fenômeno interior é a consciência e fenômeno exterior é o mundo como manifestação da consciência nas coisas.
O fundamento do sistema ou visão do mundo de Hegel é a noção de liberdade. A Historia pode ser vista como um progresso em direção á liberdade. No progresso do Espírito, existem suas manifestações. A mais baixa manifestação do Espírito é a Natureza e a mais alta é a cultura. Na cultura o Espírito se realiza como Arte, Religião e Filosofia, numa seqüência que é o aperfeiçoamento rumo ao término do tempo. Em lugar de opor religião e filosofia, Hegel faz da primeira uma etapa preparatória da segunda.
Segundo Habermas a filosofia , ou melhor , o pensamento filosófico transformou-se depois de Hegel. Não podia ser mais compreendido como filosofia, mas como crítica. Crítica ao caráter elitista da filosofia tradicional. Também a filosofia após Hegel dividiu-se, rompeu-se a unidade entre filosofia teórica e a filosofia prática. Com os jovens hegelianos, com as motivações sistemáticas desenvolvidas pelo marxismo, pelo existencialismo e pelo historicismo, a filosofia prática conquistou independência.
Hegel foi o último filósofo sistemático, até ele havia uma unidade entre filosofia e ciência, teoria e prática.

ARTE E SOCIEDADE

Adorno, Marcuse e Benjamin

A ambivalência do esquecimento corresponde à da memória: instrumento de inculcar deveres opressivos, ela se torna arma da revolução, motor da negatividade criadora, no instante em que o Espírito revive seu calvário (Hegel) ou em que o paciente recorda os traumas originários da neurose (Freud).

O absoluto que consiste em “pôr-se a si mesmo”, isto é, em desdobrar-se ante a consciência, é o que Hegel chama Espírito... O Espírito é a um só temo desdobramento e reflexão. O Espírito se torna outro, para si próprio. Por isso, a despeito de ser a substancia de todos os seres, ele só é, em grau superior, nos seres dotados de reflexão, e por isso a Fenominologia é a crônica da vida do Espírito enquanto ele se confunde com os diversos estágios da consciência e da historia da humanidade.

Na Filosofia da Religião, o filósofo [Hegel] não poderia ter sido mais explícito: “...a história do conteúdo de Deus é também, essencialmente, história da humanidade, o movimento de Deus em direção ao homem e do homem em direção a Deus”.

A exaltação frankfurtiana da dignidade da consciência crítica reconhece no Absoluto que se transforma consciente da sua transformação um claro e ilustre ancestral. Assim Adorno reencontra Hegel quando afirma que também na obra é o Outro – a brecha que contesta, pela diferença, a opressão da sociedade. Todo grande artista prefere a ruptura à falsa harmonia da forma identificante, assimiladora, igualitária.Este foi o desafio de Mahler em cuja obra “a ruptura se torna lei formal”, e de Kafka, cuja forma era “negada” pelo conteúdo da sua narrativa.

O estilo que testemunha a desumanização não pode transmitir o naturalmente humano, o valor e a qualidade que a repressão destrói ou neutraliza, O estilo que presencia a violência é ele próprio vítima da tortura: é como forma amaldiçoada e retorcida que se recusará a dizer, numa última resistência, num protesto tão raivoso quanto inútil contra a falta do sentido real... A ruptura do estilo é uma forma de guerrilha, uma estratégia de subversão estética inspirada no anelo desesperado da subversão real.

Por não ser, a rigor uma simples estética, e sim uma ética utópica modelada artisticamente, a teoria de Marcuse expõe sempre uma arte triunfante, baseada na expressão tranqüila e plena de uma harmonia superior. A vida na sociedade sem repressão é uma obra de arte clássica. Em contraste com esse esteticismo glorioso, a arte segundo Adorno é a encarnação do desespero, da revolta e da dilaceração.

O culinário em arte representa a vitória do “gostoso” sobre a profundidade emotiva e a carga intelectual do verdadeiro processo estético.

Lucáks explica a relação entre a obra de arte e a realidade através da categoria de reflexo-reflexão. A obra de arte reflete o mundo e ao mesmo temo reflete sobre o mundo.

Lucáks vira no romance a mediação dialética entre duas formas literárias historicamente anteriores a épica e a tragédia. O espírito da epopéia seria o sentimento de comunhão do homem com o mundo; o espírito da tragédia, a denúncia da desarmonia entre o indivíduo e a comunidade, entre o humano e a ordem social. Definido em relação a ambos esses pólos, o romance representaria a solidão, porque o herói romanesco, tal como protagonista da tragédia, procura valores que inexistem na sua sociedade. Mas a solidão acompanhada de uma certa ligação com a coletividade, porque esta, tanto quanto herói à procura deles, desconhece os valores qualitativos, as normas autênticas. O herói só se opõe ao mundo enquanto os busca, porque a sociedade não o segue nessa caça axiológica.

sábado, setembro 09, 2006

A HOMILÉTICA E A RETÓRICA

A HOMILÉTICA E A RETÓRICA
Professor Márcio Rúben
INTRODUÇÃO
A homilética é a arte de elaborar e apresentar sermões. Logo, se a elaboração de sermões pode existir sem preparativos com maior razão poderá existir – com a arte e cuidados. A homilética nos leva a falar com mais coerência, organização, desenvoltura e propriedade. A história geral do mundo tem sido feita por homens que sabiam falar, que sabiam exprimir uma mensagem, que compeliam as pessoas a agir. Homens com sermões que faziam diferença no dia a dia.
ASSUNTO
É muito importante saber o que você vai falar. Leia, pesquise, domine o assunto. Pedro em seu sermão não se levantou para fazer uma série de observações isoladas, pois havia forma bem definida. Antes mesmo de começar é preciso saber aonde queremos chegar. Também é muito importante haver progressão de pensamento de maneira que o primeiro ponto conduza ao segundo e o segundo a um terceiro etc. Sondando o texto com perguntas encontraremos o assunto que deve dominar o sermão, o qual está ligado a toda Bíblia,
A INTENÇÃO
Na pregação importa recorrer de preferência ao raciocínio dedutivo, isto é. Pensar e exprimir-se de forma sistemática ligando a passagem em questão a outros versículos e passagens bíblicas, embasam a mesma doutrina ou ensinamento. O mais importante do sermão não é a persuasão, mas fazer com que os ouvintes aprendam a discernir, a entender a verdade. Mesmo os termos difíceis da teologia devem ser aplicados e explicados. Possuímos a revelação e precisamos torná-la compreensiva.
III. A FORMA DO SERMÃO
Em primeiro lugar, se o meu sermão não estiver claro e bem ordenado em minha mente não posso pregá-lo a outras pessoas, pois para facilitar o acompanhamento da mensagem ela precisa ser organizada. Na introdução começa-se por exprimir logo de entrada o que se pretende dizer e apresentar-se a idéia geral. Pode-se começar na forma de conselho, fazendo referência com elogios ou reprovações, ou diretamente a questões que dizem respeito aos ouvintes de modo geral. Importa-se obter a atenção dos ouvintes para todas as partes do sermão, não só na introdução. Então sempre que se oferecer ocasião devemos nos dirigir aos ouvintes chamando a atenção deles à importância do que estamos dizendo e do que vamos dizer. É um erro pensar que o apelo só faz parte do final do sermão. O apelo é parte integrante da pregação. Colabora bastante aprender a se relacionar com os ouvintes, saber que estão ali porque querem nos ouvir, que é essencial como se fala: não tente falar como se escreve pois perde-se a naturalidade. Enquanto o estilo escrito é mais exato o estilo das discussões é o mais dramático. Por exemplo, as freqüentes repetições da mesma palavra são censuradas no discurso escrito porém nas pregações são meios da própria ação.
A NARRAÇÃO E A METÁFORA
Ao narrar procure a justa medida: nem a rapidez, nem a concisão excessiva. Na narração conceder-se-á ainda a expressão (drama) assim como a metáfora. É naturalmente agradável a todos aprender sem dificuldade. Este é o efeito produzido pela metáfora; põe o fato diante dos olhos, faz ver os fatos tais quais são. Traz a principal virtude do estilo: a clareza. O estilo da pregação assemelha-se ao desenho em perspectiva, quanto mais numerosa é a multidão dos espectadores, mais afastado deve ser o ponto donde se olha. Pelo que, a exatidão dos pormenores é supérflua e causa mau efeito tanto no desenho como no discurso. Todavia nem a narração, nem a metáfora, devem ser ridículas, inconvenientes, excessivamente pomposas e trágicas ou obscuras pois trazem frieza ao sermão.
A TRANSIÇÃO
Para se falar com pureza e coerência é preciso o uso de conectivos e sentenças de transição. Palavras que ligam orações, tais como: portanto, embora, conforme, isto é, a fim de que, todavia, desde que, etc. As orações de transição para se estabelecer uma conexão suave entre proposição (declaração simples, mas específica, da verdade eterna do sermão) com o corpo sermão. A sentença de transição une o sermão e suas divisões. É importante tornar claro cada passo, o que será tratado na próxima fase da mensagem. No lugar das conjunções, nas transições, usam-se palavras específicas, como: aspectos, benefícios, causas evidências, critérios, fatores, motivos, observações, razões, respostas, verdades, etc. O uso de transições e conectivos leva a um estilo coordenado que não tem fim, todavia ninguém há que não deseje ver claramente o fim das coisas. Portanto é de bom grado que o assunto chegue ao termo. Obs.: Outra forma de ampliar a mensagem consiste em empregar definições. Alguns usam, talvez indevidamente, falar de coisas alheias ao assunto.
A CONCLUSÃO
O início da conclusão consistirá em declarar que expomos o que tínhamos prometido, por conseguinte devemos relembrar o que pretendemos expor ou demonstrar.
A DISCUSSÃO
O desdobramento da mensagem envolve a explanação, a argumentação e a demonstração. Contudo a simples argumentação não cumpre o instrumento do pensamento verdadeiro, pois quem o cumpre é a lógica demonstrativa. O pensamento verdadeiro exprime a realidade da coisa pensada, portanto, a lógica nos leva a definição do assunto estudado. A definição deve dar o quê, o porquê, o como e o conceito (qual o resultado) do assunto investigado, da mensagem a ser explanada. Por exemplo, o assunto é o poder espiritual: Que é o poder espiritual? Por que o poder espiritual? Como se obter o poder espiritual? Quais são os resultados do poder espiritual? Isto nos oferece a essência do assunto investigado e a maneira de ver o texto de forma mais ampla, conduzindo-nos a um enunciado ou afirmação de caráter moral e ético. Não basta que nossas palavras sejam intencionalmente coerentes, elas precisam ser estruturadas sobre a realidade, sobre a experiência, sobre algo que pode conectar, o pregador aos ouvintes pois eles ouvem em geral o que previamente se identificam e de maneira inteiramente individual.
A PESQUISA
Verificar os antecedentes históricos e culturais do texto: autor do livro, destinatário, época, contexto cultural, geográfico, político, teológico e as confirmações arqueológicas. Verificar palavras, frases, idéias que se repetem. Observar os verbos principais, o tempo verbal que domina o texto, a direção da ação: passivo e ativo. A pesquisa depende de como queremos a conduzir, pois a discussão comporta três gêneros: deliberativo, judiciário e demonstrativo. O gênero deliberativo, isto é, que procura resolver questões aconselhando ou desaconselhando; tem por objeto uma visão futura da aplicação do texto. O gênero judiciário procura acusar ou defender, fixa a investigação no passado, nos fatos pretéritos. O gênero demonstrativo tem como alvo o presente porque toda a pesquisa visa a conduta elogiando ou censurando, todavia na demonstração acontece que utilizamos a lembrança do passado ou presumimos o futuro.
ENSAIOS
Podemos desenvolver sermões demonstrando os seguintes enunciados (concordando, discordando ou apresentando soluções):
Nossos sentimentos falam mais que a razão. Ex: Lc 24.32;
Conhecer é recordar a verdade que já existe em nós. Ex: Rm 8.29;
A razão é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ex: 2Co 12.2;
A razão está destinada ao fracasso se não aceitar novos princípios. Ex: Fp 3.8;
A razão possui uma estrutura universal. Ex: Rm 2.14;
A liberdade da razão nos faz sentir andarilhos sobre a terra. Ex: Hb 11.13
Encontro no meu espírito a idéia de um Ser infinito e perfeito. Ex: At 17.23
Estamos condenados a liberdade, pois tanto conformar-se ou resignar-se é uma decisão livre. Ex: 1Co 6.12;
Conhecer é passar da aparência a essência. Ex: 1Co 13.12;
A razão na batalha interna entre teses e antíteses vai sendo enriquecida. Ex: 1Co 14.20;
Somos seres naturalmente passionais, porque sofremos a ação de causas exteriores a nós. Ex: 2Co 6.14;
A razão é anterior a experiência; a razão oferece a forma e os sentidos a experiência. Ex: 1Pd 3.15;
O pensamento mítico reúne experiências e narrativas que levam a explicação das coisas. Ex: 1Sm 12.20,21;
O método é o modo seguro de aplicar a razão a experiência. Ex: Dt 6.9;
O pensamento verdadeiro exige procedimento de prova e demonstração. Ex: Mt 17.2;
A moral racionalista transforma tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício e culpa. Ex: Mt 23.4;
O importante é o que vamos fazer com o que fizeram de nós. Ex: At 16.25;
Nosso psiquê é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. Ex: Rm 7.23;
É livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir e não agir. Ex: Gn 3.6;
A liberdade é a capacidade para darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade. Ex: Rt 1.16;
O ser humano é mais livre na companhia dos outros do que na solidão, pois somente os livres são gratos. Ex: At 2.42;
Todo fato ou idéia deve passar pelo crivo da dúvida metódica. Ex: 1Co 14.29;
É a própria consciência que constitui os fenômenos. Ex: Mc 13.10;
Todos os homens têm por natureza o desejo de conhecer. Ex: At 1.10;
Sentimos e percebemos totalidades estruturadas dotadas de sentido ou de significação. Ex: Ne 6.12;
A memória hábito é um automatismo psíquico que adquirimos pela repetição contínua de alguma coisa. Ex. Lc 22.19;
A palavra longe de ser um simples signo dos objetos e das significações habita as coisas e veícula significações. Ex. Rm 10.8;
Cada campo do conhecimento tem seu próprio método. Determinado pela natureza do objeto. Ex. 1Co 9.22;
O conhecimento verdadeiro é o conhecimento das causas e tudo o que existe possui causa. Ex Jo 14.10;
O mundo verdadeiro é o das essências imutáveis. Ex. 2Co 12.14;
A mudança ou transformação é a maneira pela qual as coisas todas as potencialidades contidas em sua essência. Ex. Lc 17.6;
Os objetos existem na medida em que são percebidos. Ex: Gn 1.2,3;
Somos resultado e expressão de nossa história de vida. Ex: Jo 4.17;
Um homem que escolhe viver a vida moderna intensamente deve ser extemporâneo. Ex: 1Co 15.29;
A raiva das pessoas revela muito das suas preocupações, e é a única paixão que requer palavra e razão. Ex: Ef 4.26;
Sabemos muito pouco para sermos dogmáticos e muito para sermos céticos. Ex: Jo 3.1,2;
Não basta a ciência ser internamente coerente, ela deve ser também ciência sobre a realidade. Ex: Lc 11.52;
A conceitualização empobrece e deforma os fenômenos. Ex: Mc 3.30;
Existe incompatibilidade entre o conhecimento da natureza e o conhecimento da história. Ex: Rm 8.22;
Um indivíduo representa a espécie humana. É ele e é todos, é um indivíduo e o representante de todas características da espécie humana. Ex: 1Pd 2.24;
A felicidade reside na existência imortal do intelecto contemplando o Ser Eterno. Ex: Is 41.10;
A felicidade é a alegria puramente subjetiva que acompanha o sucesso na realização dos nossos planos. Ex: At 7.55;
Uma pessoa individual humana, quanto mais pessoa é, costuma ser muito rápida em seu agir. Ex: At 21.13;
A verdade de cada objeto está nas suas fronteiras com os outros. Ex: Lc 9.49,50;
Com efeito o que está muito afastado não inspira temor: todos sabem que hão de morrer, mas como esta eventualidade não está próxima não se preocupam com isso. Ex: Lc 12.19;
Uma coisa acontecerá se todos seus antecedentes naturais já se tiverem verificado. Ex: Mt 24.32,33;
A boa vontade é o único bem incondicional. Ex: Lc 2.14;
Enchentes ferem os homens não porque eles sejam pecadores, mas porque não construíram represas. Ex: Jo 9.2;
A elite tem como preocupação básica a auto preservação confortável. Ex: Mt 2.3,4;
O entendimento humano, ao misturar sua própria natureza com as das coisas, deforma e desfigura as imagens. Ex: 1Sm 16.7;
A contemplação das idéias e do Ser Eterno são a fonte do conhecimento. Ex: Jo 17.5,7,8.
X. O SERMÃO EFICAZ
“O pregador que aponta para um só alvo, alcançara vários objetivos.” Noyes
“A pregação com autoridade é eficaz. Há algo no coração humano que responde ao que se proclama com convicção.” Crand
“Você precisa de força suficiente em seu discurso e em seu assunto para levar os ouvintes acima da terra, a qual estão apegados por natureza e elevá-los para mais perto do céu.” Spurgeon
“Numa pregação evangelística, não busque curar a ferida antes de o ferimento ser sentido.” Moody
“Um sermão tem algo parecido com uma estrada, somente quando chegamos a uma bifurcação do caminho, nos detemos para pensar qual o rumo que devemos tomar.” Gerrison
“Um pregador sempre deveria estar crescendo, avançando e se desenvolvendo de maneira tal que aquilo que não era capaz de fazer em seus dias de juventude, deveria poder fazê-lo na idade madura e na velhice.” M. Loyd-Jones
“O que se faz necessário no púlpito é autoridade. A maior necessidade da Igreja atual consiste em restaurar essa autoridade ao púlpito.” M. Loyd-Jones
“Um sermão fraco se faz quando Cristo não está nele.” J. Edwards
“No que consiste a pregação? Em lógica pegando fogo! Em raciocínio eloqüente! É a teologia em chamas.” M. Loyd-Jones
A ESTRUTURA DA MENSAGEM
Título: È o anúncio adequado do sermão. Deve ser interessante, mas digno do púlpito. Importa que seja breve;
Introdução: É o processo pelo qual o pregador procura preparar os ouvintes e prender-lhes o interesse pela mensagem. Deve ser breve e interessante;
Proposição: Deve expressar a idéia principal do sermão. Deve ser específica. Formulada no tempo presente, é a afirmação de uma verdade vital e eterna.
Divisões: Devem originar-se da proposição e desenvolvê-la;
Discussão: É o desdobramento das idéias contidas nas divisões;
Ilustrações: É o meio de clarear a compreensão de um sermão através de um exemplo. Não se deve exagerar e deve ser apropriada, clara e acreditável;
Aplicação: Na aplicação relaciona-se o sermão as necessidades humanas. Pode-se usar a imaginação para dar vida a textos bíblicos. Sem deturpá-los, é claro!
Conclusão; É o clímax do sermão. Pode ser um apelo ou um desafio imperioso. Breve e simples, pode ser a reprodução do pensamento principal do sermão ou a própria citação do texto principal lido.
Observações: Uma proposição para ser vigorosa e direta precisa ser limitada e não se detém em referências geográficas ou históricas. Mantenha um contato ocular constante com povo, olhando com pouca freqüência para as anotações. Não tenha pressa para passar de uma divisão para outra, porém condense seus sermões para não cansar a congregação.
XII. O PREGADOR (Idoneidade)
Crê na verdade, tem o desejo de servir, sabe que forma ideais, estuda e conhece as Escrituras, compreende as diferenças humanas e culturais, não é etnocêntrico, tem na transformação de vidas maior alegria do que em si mesmo, do que sua eloqüência. Sabe que está ali entre Deus e os homens, falando entre o tempo e a eternidade. Tem convicção bíblica. E assegura a liberdade de raciocínio. Seu testemunho é o sermão que toca fundo no coração do ouvinte. Tem cheiro de ovelha porque sempre está no meio e em contato com as pessoas.
CONCLUSÃO
Mais que a pregação precisamos amar as pessoas a quem pregamos. O coração humano está faminto de compreensão e aproximação. Estamos entre a vida e a morte. Ao subir ao púlpito é preciso pedir a Deus que ele fale ao povo por seu intermédio. Você estará falando de Cristo, em Cristo e por Cristo Jesus nosso Senhor e Deus Bendito eternamente. Amém! Ora Vem Senhor Jesus!

segunda-feira, agosto 28, 2006

Espinosa

ESPINOSA


O desejo (Cupiditas) é a própria essência do hoem, enquanto esta é concebida como determinado a fazer algo por uma afecção (atributo) qualquer nela verificada.

A alegria (laetitia) é a passagem do homem de uma perfeição menor para maior.

A tristeza (tristitia) é a passagem do homem de uma perfeição maior para uma menor.

A admiração (admiratio) é a imaginação de uma coisa qualquer a que a alma permanece fixa porque essa imaginação singular não tem nenhuma conexão com as outras.

O amor (amore) é a alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.

O ódio (odium) é atriteza acompanhada da idéia de uma causa exterior.

A inclinação (propensio) é a alegria acompanhada da idéia de uma coisa que, por acidente, é causa da alegria.

A aversão ( aversio) é a tristeza acompenhada da idéia de uma coisa que , por acidente, é causa da tristeza.

A adoração (devotio) é o amor para com aquele que admiramos.

I- Ética e Moral (de Marilena Chauí)
“Moral está junto à Religião, logo, ambas são sistemas que impõem certos deveres ao homem. A Ética nada tem a ver com os deveres: quem age por dever não é autônomo, não é livre, age por mandamento. A Ética é a definição do ser do homem tal como ele é, e demonstrando porque o homem é tal como é. Em grego ethos: modo ou maneira de ser”.

“Deus é infinito atual. O infinito não é o ilimitado, não é o finito que cresce ao máximo ou diminui ao mínimo. Infinito é inquantificável, porque o infinito é por natureza qualidade e não quantidade”.

“Tudo o que existe, existe em Deus, e sem Deus nada pode existir nem ser concebido”.

Teologia

TEOLOGIA

Sete Dispensações
1. Inocência – criação, queda;
2. Consciência – queda,dilúvio;
3. Autoridade Humana – dilúvio, torre de babel;
4. Promessa – Abraão, fé;
5. Lei – os mandamentos;
6. Graça – da morte à segunda vinda do Senhor;
7. Milênio – vinda do Senhor, Novos Céus e Nova Terra.

O Governo Da Igreja
Sistema:
1. Presbiteriano – O conselho é o grupo responsável pelas decisões;
2. Episcopal – A autoridade reside no bispo;
3. Congregacional –A igreja local é o centro da autoridade;
4. Sem Governo – A igreja não tem uma forma concreta e visível de governo.
Obs.: No presbiteriano o nivelamento se dá pelo cargo. No episcopal o nível especial é do bispo ou pastor.

O Estudo Bíblico
Contém 3 partes:
1. Observação dos fatos;
2. Interpretação do texto bíblico;
3. A aplicação.


A Oração
Envolve:
1. Petição;
2. Intercessão;
3. Louvor;
4. Adoração;
5. Gratidão.

A Vontade de Deus
Quatro condições para à conhecermos:
1. Novo nascimento;
2. Percepção espiritual;
3. Vida pura;
4. Disposição de obediência.

A Vontade de Deus
Sete indicadores seguros:
1. A Palavra;
2. A oração;
3. A meditação;
4. O bom senso;
5. Os conselhos sábios;
6. As circunstâncias;
7. Os sinais específicos.

A Vontade de Deus
Quatro resultados de estarmos nela:
1. Paz;
2. Êxito;
3. Garantia;
4. Convicção.
A Igreja
Cinco coisas que a Igreja é:
1. Corpo de Cristo;
2. Edifício Espiritual;
3. Jardim de Deus;
4. Templo de Deus;
5. Noiva de Deus;

Doutrina Cristã
Deus requer cinco pontos acerca da doutrina:
1. Perseverança;
2. Defesa;
3. Divulgação;
4. Maior conhecimento;
5. A Bíblia como única regra de fé e prática.

O Pecado
Quatro conseqüências:
1. A culpa;
2. O julgamento
3. A condenação;
4. A morte.

O Pecado
Três coisas que Deus exige:
1. Arrependimento;
2. Confissão;
3. Deixar o pecado.



A Tentação
Três desejos que facilitam a tentação:
1. A concupiscência da carne;
2. A concupiscência dos olhos;
3. A soberba da vida.

A Inveja
Quatro conseqüências da inveja:
1. Atrai influências más;
2. Atrai mentiras;
3. Mata;
4. Destrói.

O Medo
Quatro coisas que o medo pode causar:
1. Fuga;
2. Descrença;
3. Frustração;
4. Pânico.

A Maldição
Três coisas que não devemos amaldiçoar:
1. A si mesmo;
2. O próximo;
3. As autoridades.

A Traição
Três pontos vulneráveis:
1. Desejo de poder;
2. Cobiça de riqueza;
3. Vida sentimental.
O Ciúme
Quatro motivos que levam ao ciúme:
1. Ser possessivo;
2. A insegurança;
3. O complexo de Inferioridade;
4. A competição.

O Ciúme
Quatro conseqüências do ciúme:
1. A amargura;
2. Mania de perseguição;
3. A violência;
4. O isolamento.

Você Sabia...

VOCÊ SABIA...

Você sabia: Dada a fadiga que a posição e arte descrever em papiro acarretavam, era difícil passar mais de duas ou três horas contínuas em tal ocupação. Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, Paulo deve ter consumido dez folhas papiráceas e vinte horas de escrita e terá exigido dez ou doze serões para ser levada à termo. Provavelmente intervalos de vinte e quatro horas explicam a mudança de ânimo, estilo e períodos inacabados.

Você sabia: A Bíblia tem mais de trinta autores diferentes, e foi escrita num período de aproximadamente 1.500 anos.

Você sabia:
Não há hoje original da Bíblia e sim cópias. A Bíblia foi escrita em papiro e pergaminho.Os egípcios usavam o papiro desde 3000aC. Tirado do rio Nilo era cortado em lascas que eram entrelaçadas, coladas, comprimidas e alisadas. Pintava-se sobre eles. Era menos durável.O pergaminho era um material mais durável feito de couro de carneiro e cabra. Foi aperfeiçoado na cidade de Pérgamo pelo ano 100 aC. Onde se derivou o nome de pergaminho.

Você sabia:
Que o pensamento judaico (semítico) se expressa de forma concreta evitando palavras abstratas, e que Paulo no Novo Testamento segue esta forma de escrita: carne no lugar de carnalidade, pecado no lugar de pecaminosidade, perverso no lugar de perversidade , substantivo no lugar do adjetivo e o advérbio é raro e é substituído por um verbo.

Você sabia: Que os outros códigos antigos, como o de Hamurabi e Ichtar eram orientados para a propriedade e o de Deus (Lei) era para o indivíduo. Nos outros, pessoas podiam ser propriedades e na Lei de Deus não. Nos outros a vida era valiosa no de Deus ela era sagrada. Nos outros podia-se pagar em dinheiro ou propriedade por ter assassinado alguém e no de Deus não. No código Assírio era permitido a mutilação do corpo no de Deus o açoite não podia passar de 40 (por isso 40 menos 1- medo de ultrapassar o permitido). As leis Ugaríticas permitiam o adultério e a bestialidade e dos egípcios o casamento entre irmãos; a de Deus não permitia nada dessas coisas.

Você sabia: Salomão implantou a industria, animou os mercadores fenícios a passarem com suas mercadorias pela Palestina, desenvolveu a troca de produtos agrícolas com coisas manufaturadas de Tiro e Sidon, construiu uma frota mercante para uso no Mar Vermelho, na Arábia minerou o ouro e as preciosas gemas de Ofir. Um ano para Salomão tinha o peso de 666 talentos, sendo que um talento valia aproximadamente 10.000 dólares. Salomão dividiu a nação em doze distritos administrativos sem observar as divisões de tribos, importava artigos de luxo como marfim e até animais para vender a crescente “burguesia”(nobreza), impôs taxas sobre as caravanas em trânsito na palestina, lançou um imposto de capitação para todos os súditos, exigiu contribuições de todos os distritos administrativos exceto o seu, instituiu a corvéia, isto é, o trabalho escravo, monopolizou para o estado o comércio de ferro, cavalos e carros e nas palavras do historiador Josefo : “ Tornou a prata tão abundante em Jerusalém como as pedras das ruas”.

Você sabia: Com exceção de alguns trechos de Eclesiates e de Jó, os livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão; foram escritos em versos.

Você Sabia: O aramaico, a língua franca dos impérios babilônico e persa, tornou-se a língua do conhecimento judaico (Das duas edições do Talmude, a mais importante foi produzida na Babilônia). O mais surpreendente, talvez, é que o alfabeto aramaico substitui o alfabeto cursivo original israelita na escrita do próprio hebraico.

Você sabia: Os nomes hebraicos são muitas vezes ou nomes-frase ou teofóricos (nomes que trazem um nome de Deus contido neles).

Você sabia: Os acadêmicos históricos situaram o termo hebraico hesed, traduzido por “misericórdia e fidelidade”, mais no terreno da antiga diplomacia do que no das relações pessoais. Num contrato entre suserano e vassalo, hesed era a promessa de mútua lealdade. Outra tradução às vezes encontrada é “fidelidade da aliança”. Em seu nível mais básico, hesed é a virtude daquele cuja a palavra merece confiança. No contexto dessa aliança com Israel, o Senhor tem hesed, o que significa dizer que, apesar de ser livre para quebrar a promessa, ele não a quebrará.

Você sabia: Ptolomeu Filadelfo II mandou traduzir as Escrituras para o grego, pois o povo já falava grego e o hebraico já havia sido esquecido. Esta tradução feita por 72 judeus ficou conhecida como a versão dos setenta, LXX ou septuaginta, usada nos tempos de Jesus

Você sabia; O códex, páginas cortadas e costuradas lado a lado, foi inventado em algum momento do 1º século da nossa era. Isto deu ao cristianismo uma vantagem tecnológica que muito favoreceu a sua divulgação. Antes, o rolo padrão de dez metros não podia conter obras maiores do que o livro de Isaías.

Você sabia: O Novo Testamento no grego original hoje existe em 88 papiros, 257 manuscritos de couro com letra uncial (maiúscula), 2.795 manuscritos com letra minúscula e mais de 2.200 lecionários (manuscritos com porções do Novo Testamento dispostas em ordem para leituras diárias ou semanais).

Você sabia: O evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos eram um só livro até aproximadamente o ano 150 d.C.

Você sabia: A unidade política romana, o sistema de estradas pavimentadas, o vazio espiritual dos vencidos por Roma, a língua universal grega contribuíram para a propagação do evangelho.

Você sabia: Até o dia de hoje, colunas e torres de sal são visíveis na área ao sul do mar morto onde se localizava Sodoma e Gomorra.

Você sabia: Hoje tem-se num museu da Europa um denário de prata que estampa a imagem de Tibério César como aquele que Cristo solicitou.

Karl Barth

KARL BARTH

Comentário da Carta aos Romanos

Versos de um pároco de Hessen à Karl Barth:
Cães Farejadores:
“ Deus precisa de homens – não gente com frases altissonantes mas cães, bons farejantes, que farejem no presente o odor da eternidade, que ainda que muito escondida, seja caçada, seguida sem cansaço, à saciedade”.
Diz Barth: “Sim, Deus precisa...! E um tal Domini Canis gostaria de ser”.

Barth cita de Kierkegaard:
“Paulo não pode considerar a sua vocação para o apostolado como uma ocorrência casual, momentânea, de sua vida; ela é fato paradoxal que o acompanha desde o primeiro momento de sua existência e permanecerá com ele até o fim, à parte de sua identidade pessoal”.

Jesus, como plano perpendicular ao nosso e lhe cortando vindo do alto: “Jesus como o Cristo, o Messias, é o final dos tempos. Ele só pode ser entendido como paradoxo (Kierkegaard) como vencedor (Blunhardt), como pré-história (Overbeck).”

Nota de Koller Anders, tradutor e comentarista:
“A crise é o esvaziamento do Ego. A crise precipita no caos todas as prerrogativas humanas, ainda que estribadas na própria cruz de cristo; ela reduz o homem a nada, escravizando-o completamente, perante o Cristo ressurreto, que, então, preenche o coração contrito e humilhado, criando a nova criatura. É somente nesta condição de crise total que se abrem as portas do coração, da Igreja e da Cidade – para entrar o Rei da Glória”.

Barth salienta a corrupção da Idolatria e afirma Koller:
“A presunção humana ainda que mui piedosamente fundamentada, não alcança o beneplácito de Deus, antes é uma forma de idolatria que impede a participação na graça e da graça Divina”.

Barth interroga, o que é o homem agora, após a queda e aquém da ressurreição:
“O homem é o seu próprio senhor e a sua condição de criatura é o seu grilhão, seu pecado, a sua culpa; sua morte, o seu destino; seu mundo é um caos disforme que flutua ao léu sob a ação de forças naturais, anímicas e algumas outras. Sua vida é uma aparência”.

Barth nos diz que a verdade não pode ser comunicada diretamente, por Cristo foi estabelecido pelo Espírito; cita de Kierkegaard:
“o espírito é a negação do que é reconhecível diretamente. Se Cristo for verdadeiro Deus, então ele será necessariamente irreconhecível. O conhecimento direto é uma característica inerente aos ídolos”.


Barth nos fala do Não total de Deus e o Sim divino e cita de Lutero:
“A fé orienta-se às coisas invisíveis; para dar oportunidade à fé, é necessário que tudo o que se há de crer esteja oculto, e esse ocultamento é tanto mais profundo quando o objeto da fé fica em franca oposição ao sentido da vista, da sensação dos sentidos, do senso, e da experiência. Quando Deus, pois vivifica faz morrer;quando justifica ele o faz, inculpando-nos; quando nos conduz ao céu, fá-lo conduzindo-nos ao inferno”.

Barth vê a fidelidade a Deus incondicional:
“Quem confia em Deus, em Deus mesmo e somente em Deus, isto é, quem reconhecer a fidelidade de Deus na própria contradição que essa fidelidade impõe e pela qual somos deslocados da existência e do ser deste mundo, quem corresponder a essa fidelidade divina com a sua própria fidelidade, quem ficar com Deus, apesar de todos os ‘ainda que’ e ‘apesar de’, este crê!”

Barth afirma que quem crê ama ao Deus Absconditus, e cita de Lutero:
“Só o preso é liberto, só o fraco é robustecido, só o humilde é exaltado; só o que está vazio se farta. Apenas o nada se torna algo”.

Barth admira-se com a impossibilidade possível:
“A realidade é que reverência e a humildade perante deus, a possibilidade da fé, no âmbito humano, só podem ser consideradas como impossibilidades; como sendo incompreensíveis ‘ riquezas de sua bondade’. ‘Como mereci ver, eu que era cego?’ É uma inexplicável contenção de sua ira: ‘Por que sou, justamente eu, uma exceção entre milhares?’ É uma incompreensível paciência de Deus para comigo: ‘Pois o que pode Deus esperar de mim ao dar-me tão inaudita oportunidade?’ Nada! Absolutamente nada justifica e esclarece este ‘eu’ e ‘para mim’, que está totalmente no ar; é puro e absoluto milagre, vindo de cima”.

Barth cita de Overbeck. O Cristo pré-histórico:
“O Antigo Testamento – no sentido comum desse qualificativo, não precedeu a Cristo porém, Cristo viveu nele, ou melhor, o Antigo Testamento foi sua vida pré-histórica; foi, por assim dizer, a testemunha, a imagem direta que acompanhou essa vida”.

Barth fala da carreira de Jesus de forma brilhante e antológica:
“A carreira de Jesus foi uma revista, uma passagem ao longo de todas essas possibilidades humanas. Foi como uma saudação a todas as coisas deste mundo, sujeitas a morte, passando ao lado delas; foi um distanciamento de todas possíveis negações e posições do mundo, de suas teses e antíteses, de toda agitação e de todo repouso humanos – exceto a morte”.

Barth nos diz acerca da morte de Cristo e do reino de Deus:
“Não há uma só linha dos evangelhos que pudesse ser entendida sem a cruz. O Reino de Deus é o reino que começa exatamente do outro lado da cruz. Portanto, começa do outro lado de todas as possibilidades humanas, tais como ‘religião’, ou ‘vida’, conservantismo e radicalismo, física e metafísica, alegria ou sofrimento do mundo, amor ou responsabilidade humana, atitude ativa ou passiva na vida”.
[Kollen: Além da cruz] “É além de tudo ‘isso e aquilo’, de tudo”.

Barth discorre sobre a abnegação de Cristo:
“A vida de Jesus brilha por força desse ‘não envolvimento’, desse afastamento e as coisas do mundo refletem esse brilho, revelando sua relatividade, suas fraquezas e também as suas riquezas. É nessa luz refletida que os homens são reconhecíveis como criaturas de Deus e como os que aguardam sua obra redentora. São reconhecíveis como pequenos e grandes; como importantes e insignificantes, perecíveis e imperecíveis. Reconhecíveis na unidade vindoura com o seu respectivo contraste, com o seu ‘sim’ e o seu ‘não’, contraste este que não é se não, a unidade com o invisível tornado visível Sub Specie Mortius por Deus”.

Barth afirma como Deus se torna visível:
‘Cristo morreu ‘por nós’. ‘Por nós’ quer dizer à medida que sua morte for o ‘princípio de reconhecimento’ de nossa morte; à medida que, na morte de Cristo, o Deus invisível se torna visível para nós; à medida que a morte de Cristo passa a ser o ponto de nossa filiação a Deus”.

Barth nos fala do Reino de Deus: é o seu domínio e a esfera de seu poder:
“Graça não é graça quando o agraciado não estiver justificado. Justificação não é justificação, se ela não for imputada ao pecador. Vida não é vida, se não for a vida que surge da morte. Deus não seria Deus, se não significasse o fim do homem”.

Barth define o que é viver em pecado:
“Vivemos em pecado, isto é, vivemos condicionados por força invisível que nos compele a, consciente e voluntariamente, intentarmos divinizar as coisas do mundo e trazer Deus ao nível dos conceitos humanos”.

Barth: O homem velho ficou obsoleto após a ressurreição de Cristo.
“O pecado tem corpo, isto é, tem existência concreta, esfera de influência, base de ação, tem substrato, O pecado tem existencialidade, expansão, autosuficiência,, substância e atividade no mundo temporal das coisas e dos homens. Como ‘corpo’, o pecado é constantemente visível, histórico, real. Este ‘corpo do pecado’ é o ‘meu corpo’ a minha existência tenporal-material e – humana com a qual estou inseparável, indissolutamente unificado”.

Barth nos fala da identidade do “novo homem”:
“Ora, estando eu na esperança da ressurreição e tendo em vista a minha identidade com o ‘novo homem’ que está além da morte de Cristo, não preciso, não posso, não devo e não quero ser pecador”.
Barth afirma que a ressurreição está além da planície e do ambiente histórico:
“Se a ressurreição fosse tomada, de alguma forma como um fato da história então não haveria afirmação. A ressurreição ficaria então envolta da mesma penumbra do distanciamento, da inexatidão e da dúvida que caracteriza todos os fatos da história... Mas não há porque nos preocupemos com este aspecto que se poderia dar à ressurreição, pois toda a ameaça que o mundo faz ao cristianismo através da história, ocorre, indubitavelmente, quando o cristianismo passa a ser parte da história; quando ele se transforma em temporal, mundano; quando graças a traição dos teólogos, pelos mais extensos e ínvios rincões, ele perdeu a noção de que a sua verdade não deve ser buscada apenas além do Não, além da morte, além do homem, porém para além da possibilidade de, sequer, contrastar o Sim e o Não, vida e morte, Deus e o homem; para além de qualquer possibilidade de colocar Deus e o homem lado a lado ou de jogar um contra o outro, pois este é o significado da ressurreição de entre os mortos: ‘Por que buscais entre os mortos, ao que vive?’”. Mt 24.5

É explicável, diz Barth:
“Explicável que o pecado habite meu corpo mortal, mas não seria explicável que eu fizesse ‘um arranjo’ com ele; que eu, com ele estabelecesse uma sorte de compromisso, um modus vivendi”.

Diz Barth: Tu que recebeste a graça:
“Portanto existencialmente falando, tu que recebeste a graça não estás sujeito à possibilidade de cair no cativeiro do pecado; tu já não és cativo, não és prisioneiro. Teus membros não foram destinados, nem têm aptidões para construir a torre de babel! Não ponhas pois, à disposição do pecado. Põe-te à disposição de Deus. Existencialmente, tu és de Deus!”

Problemas Filosóficos

PROBLEMAS FILOSÓFICOS

1) Acontecimentos mentais são idênticos a acontecimentos físicos complexos?
2) Existe realmente fraqueza de vontade ou força de vontade?
3) Como posso compreender a diferença entre o que acontece em mim ou a mim?
4) Como posso reconciliar o requisito universal do tratamento imparcial de todos com o sentimento de amizade por alguém?
5) No argumento cosmológico existe o ser necessário, todavia não pode este ser um ente sobre o qual se possa levantar o mesmo tipo de pergunta: de onde deriva este ser?
6) No argumento do desígnio existe um arquiteto dos arquitetos, todavia se considerarmos natural que um arquiteto por si por que então o universo não pode existir por si?
7) Uma reação, como por exemplo a avaliação de algo como bom ou como mau, pode ser classificada mais corretamente como expressão de uma atitude ou de uma crença?
8) No argumento da primeira causa existe um ser que é a primeira causa, porém isto não contradiz a premissa de que todos os acontecimentos têm uma causa que os antecede?
9) Como pode caracterizar o estado atual do mundo sem fazer referência à possibilidades alternativas, como: outros mundos possíveis?
10) O engano normal exige um agente que saiba a verdade e que a esconda de outro agente, logo, pode haver auto-engano?
11) Como distinguir a compulsão de outras formas de pressão às quais de fato não se resistiu, mas a que, num certo sentido, se poderia ter resistido?
12) É possível existir consciência incorpórea?
13) Quais os tipos de fatos justificam a emergência da autoridade de jure, isto é, de direito?
14) O conceito de dever, não é confrontado, se os deveres precisam ser especificados?
15) Preocupamo-nos com o que é bom, ou nos limitamos a chamar de boas aquelas coisas com que nos preocupamos?
16) As coisas piedosas são piedosas por que os santos as amam ou os santos as amam por que são piedosas?
17) Nas verdades necessárias, essas verdades são necessárias por que decidimos que elas o são, ou decidimos que elas o são por que são necessárias?
18) Como explicar, ou invalidar através do empirismo, o conhecimento que aparentemente não tem qualquer base na experiência, isto é , o conhecimento matemático lógico ou outros conhecimentos a priori?
19) Como pode o empirismo defender o ponto de vista de que a observação é, em si mesma, isenta de elementos não-empíricos?
20) O espaço é real ou é um tipo de construção mental, um artefato próprio do nosso tipo de percepção e pensamento?
21) O espaço é “substantivo” ou puramente “relacional”?
22) É possível saber se as medidas espaciais e temporais são objetivas, ou se nelas está presente algum elemento convencional?
23) Qual a diferença entre o luxo que o mundo condena e a prosperidade que o mundo admira?
24) Na estética por que certos sons podem ser tristes ou alegres?
25) Por que, na estética, determinadas linhas ou cores numa pintura podem ser enérgicas ou graciosas?
26) O mundo que a mecânica quântica nos revela é apenas estranho, ou é tão ininteligível que é preferível ver a teoria com um espírito unicamente instrumentalista?
27) Como resolver o conflito teórico profundo da dualidade aparentemente incompatível entre as ondas e as partículas na mecânica quântica?
28) A mente é distinta da matéria?
29) Podemos tratar uma pessoa como um simples meio se esta quiser ser assim tratada, correspondendo assim à sua vontade?
30) Numa guerra justa (defesa, independência) pode-se ampliar o conceito de legítima defesa de forma a incluir não apenas contra ataques reais, mas também contra ameaças ou ameaças que se suspeita, virem ser feitas?
31) Numa guerra justa (legítima defesa) é admissível fazer ataques-surpresa?
32) Podemos saber o que faz a identidade do indivíduo num instante de tempo, ou ao longo do tempo?
33) Na filosofia da linguagem, podemos saber se as propriedades das palavras individuais são anteriores às propriedades de entidades lingüísticas mais latas, como acontece com as frases e as coleções de crenças ou teorias, ou se, pelo contrário, derivam delas?
34) Pela filosofia da mente e da linguagem como saber o que distingui uma crença verdadeira de algo que se aceita com um espírito puramente instrumentalista?
35) Pela intencionalidade como compreender em que consiste a relação que se verifica entre um estado mental, ou sua expressão, e as coisas acerca das quais esse estado mental se constitui como tal?
36) Como sei o que penso até ouvir o que digo?
37) Por que não podemos fazer cócegas em nós mesmos?
38) Como esclarecer a necessidade do realismo acerca das leis da natureza, já que ela transcende aparentemente a experiência?
39) Pode-se ter superveniência sem conexões legiformes?
40) Como reconciliar a consciência cotidiana de nós mesmos como agentes (livre-arbítrio), com a melhor teoria que a ciência oferece sobre nós?
41) Há teorias éticas que fundamentam a natureza das exigências éticas no fato de estas representarem mandamentos divinos porém o que fazer em períodos de declínio da fé, quando as pessoas também se tornarem incapazes de dar importância a preocupações morais: “se Deus morreu tudo é permitido”?
42) Como conseguir relacionar o materialismo histórico com o historicismo, isto é, com a idéia de que a história tem um curso determinado e inevitável e que os movimentos e objetivos que não estão de acordo com esse curso já são previamente destinados ao fracasso?
43) Quando evoco a memória de um acontecimento, como consigo interpretá-la como representação do passado e não como um mero exercício da imaginação?
44) Quão metafórica é uma expressão?
45) Para Russel, a Terra poderia ter desaparecido há cinco minutos, com uma população que se “lembra” de um passado completamente irreal. Todavia como explicar que sabe-se que não foi que de fato aconteceu?
46) Em que medida as disciplinas como economia são idiográficas (história, mapas) ou nomotéticas (formulação de leis gerais)?
47) Existe a possibilidade de apresentar descrições esclarecedoras, ou úteis, dos fenômenos sociais que não expressem os valores do autor? Caso não haja possibilidade, então pode haver objetividade das ciências sociais?
48) Habitualmente, onde acaba a montanha e começa o vale é algo indefinido. Será então a montanha um objeto vago, ou serão todos os objetos precisos em si mesmos, sendo sua vagueza um artefato que resulta da forma como os escolhemos?
49) Como conciliar a idéia ortodoxa de que Deus conhece tudo com ausência de uma predeterminação ou, em outras palavras, com a idéia de que enquanto o passado está estabelecido, o futuro de algum modo permanece “em aberto”?
50) Posso chegar a conclusão de que se Deus já sabe o que vai acontecer amanhã, então a responsabilidade e o livre-arbítrio humanos só podem ser ilusórios?
51) Existe uma lógica para a ciência, ou uma teoria da confirmação como uma autoridade inquestionável, se nunca se encontrou tal estrutura e ainda menos uma base para sua autoridade?
52) Uma pessoa perdoada, é tratada de forma melhor do que ela merece; mas como pode exigir-se, ou permitir-se, tratar alguém de maneira que não merece?
53) Disse Wittgenstein ao encerrar seu Tractatus: “Deve-se calar sobre aquilo que não é capaz de falar”. Não feriu, porém, Wittgenstein esta regra ao enunciá-la?

quinta-feira, agosto 24, 2006

A Lógica do Inefável

A LÓGICA DO INEFÁVEL

I. O idealismo procura superar o hiato entre a esfera da subjetividade e a da objetividade, entre a idéia e a realidade, encontrando no sujeito humano a orientação para o objeto infinito, que, posteriormente, será reconhecido como o Sujeito absoluto.

Há também o perigo de uma redução ética do teísmo, por influência neokantiana, considerando a idéia de Deus, enquanto criador do mundo e Senhor da história, como mero postulado da razão moral que ajuda o homem a fundamentar a certeza da própria dignidade.

A morte constitui a concretização da ameaça à realidade humana em sua finitude essencial; o mal moral constitui a negação de sua realidade ética ou sua contradição; o absurdo, por sua vez, constitui a concretização da ameaça à condição humana. Enquanto tensão espiritual de vontade e consciência em busca de sentido. A realidade se encontra, pois, ameaçada ôntica, ética, historicamente, enquanto espírito no mundo. Deus só se nos revela de modo significativo no confronto metódico entre a condição humana como questão misteriosa, e os símbolos da revelação cristã, com irrupção do sentido incondicionado e último de toda a realidade. Deus só pode ser encontrado na dimensão do Incondicionado, como sentido último de toda realidade, enquanto destino e liberdade. Deus é o fundamento do ser e do sentido. Não pode ser encontrado como um objeto a mais no mundo.

Um intento de mediação dialética entre escolástica e modernidade, entre objetividade e subjetivismo, revalorizou o momento experimental do sujeito crente e da própria tradição dogmática, enquanto é a continuidade de uma mesma experiência de fé objetivada literariamente. Só existe revelação quando há uma experiência de fé. Enquanto momento incondicionado e sacral, a experiência religiosa é análoga nas grandes religiões. Enquanto momento histórico e profético, a revelação bíblica conserva toda a sua originalidade e singularidade. Superando um conceito meramente “mítico” e “antropomórfico” da experiência religiosa da revelação crente, foi elaborada uma idéia dialética da revelação, em analogia à experiência religiosa da inspiração bíblica, acentuando dois momentos determinantes: o momento da experiência religiosa imediata e incomunicável, por um lado, e o momento imediato, lógico e comunicável da tematização e elaboração conceitual categorial da mesma experiência, em ordem à sua comunicação social, por outro lado.

A experiência religiosa cristã é completa, pois nela o divino é vivido como revelação e contemplação e como aceitação e recepção. Por isso, o ato religioso da fé não pode reduzir-se idealmente a um único princípio lógico da identidade ou da diferença. Identidade mística e diferença ética coexistem numa tensão dialética superada somente momento paradoxal da graça.

O teísmo bíblico é simultaneamente místico e profético, cúltico e ético. Sua mística, porém, não se confunde com a identidade, nem o seu culto com a magia; muito menos a sua ética leva ao desespero ou a sua profecia se manifesta como pura denúncia destrutiva, dado que a revelação bíblica é também evangelho, anúncio da salvação, configuração da presença da graça.

Com efeito, a efeito, a proposição da linguagem religiosa não pode ser considerada como meramente exibitiva e informativa, como o anúncio de uma perfeição absoluta do ser divino. Nem mesmo coincide com a lógica do silogismo aristotélico de uma só variável. Uma vez que se fala sempre de Deus em relação com o homem e do homem em relação com Deus, a linguagem religiosa deve ser estudada segundo um modelo de lógica bivalente.

A multiplicidade do uso lingüístico na linguagem religiosa se confirma pela globalidade da própria experiência religiosa subjacente, que inclui a linguagem do eu, na expressão da própria experiência crente; uma linguagem do tu, na orientação para o consenso lingüístico normativo da fé; uma linguagem do ele, como informação sobre a mensagem religiosa e seu referente último.

Não seria Deus da revelação um “deus escondido”? Mesmo sendo totalmente diferente do ídolo representável e objetivável, Deus não se faz presente para guiar o homem no seu futuro, tornando-se disponível nos momentos mais dramáticos da existência? Tanto para o indivíduo religioso como para a comunidade crente, o Deus que se mistura com a história aparece não somente como realidade absoluta e infinita, mas, sobretudo, como realidade viva e pessoal. Sendo assim, o resultado da divina liberdade na história da salvação só pode ser conhecido pela luz da fé. Pois são incapazes de ver o momento religioso da fé a filosofia religiosa e a razão contemplativa e crítica. O niilismo ateu e neopositivismo agnóstico que negam a transcendência divina, em sua identidade singular e em sua diferença infinita, ou duvidam da cognoscibilidade de Deus e da certeza da fé, não podem contemplar a revelação bíblica e o mistério da fé, algo empírico e real na comunidade cristã. O Deus próximo e imanente, fiel e misericordioso, que nos ouve e se comove está além da noção ontológica do fundamento imóvel (motor immobilis) ou da idéia da autonomia divina (deus causa sui). A experiência da fé nos conduz a Palavra que nos pode falar realmente de Deus em sua ação salvífica e em sua liberdade indecifrável. Esta Palavra, mistério revelado na plenitude dos tempos, é Cristo Jesus, “ Έν άρχη ό λόγος, καί ό λόγος ήν προς τον Θεόν, καί Θεός ήν ό λόγος”. João 1.1

terça-feira, agosto 22, 2006

Kant

KANT

Há duas realidades fenômeno e númeno.

Fenômeno é aquilo que se apresenta ao sujeito do conhecimento na experiência.

Númeno é aquilo que se apresenta ao sujeito do conhecimento na experiência.

Númeno é aquilo que não é dado à sensibilidade nem ao entendimento mas é afirmado pela razão sem base na experiência e no entendimento.

O fenômeno é a coisa para nós ou o objeto do conhecimento, o númeno é a coisa em si ou o objeto da metafísica, isto é, o que é dado para um pensamento puro, sem relação com a experiência.

Quando ouço que uma mente incomum demonstrou que a liberdade da vontade humana, a esperança por uma vida futura e Deus não existem, estou ávido para ler o seu livro, pois espero que o seu talento seja capaz de me fazer progredir em meus conhecimentos. Já de antemão tenho certeza de que não fui bem sucedido na resolução de nenhuma destas questões não porque já acredito de estar de posse de provas irrefutáveis destas importantes proposições, mas sim porque a critica transcendental, que me revelou todos os recursos de nossa razão pura, me convenceu integralmente de que do mesmo modo que a razão é totalmente inepta para chegar a asserções afirmativas neste campo tampouco e menos ainda é capaz de saber o suficiente para poder concluir negativamente à respeito destas perguntas.

A realidade que conhecemos é a realidade tal como é estruturada por nossa razão.

Um juízo é analítico quando o predicado ou os predicados do enunciado nada mais são do que a explicitação do conteúdo do sujeito do enunciado.

Quando entre o sujeito e o predicado se estabelece uma relação na qual o predicado me dá informações novas sobre o sujeito, o juízo é sintético, isto é, formula uma síntese entre um predicado e um sujeito.

Os juízos sintéticos a priori são juízos sintéticos cuja síntese depende da estrutura universal e necessária de nossa razão e não da variabilidade individual de nossas experiências.


Não se aprende filosofia, mas a filosofar.

A estrutura da razão é a prioridade, vem antes da experiência e não depende dela.

A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência, vem depois desta e por isso é a posteriori.

A experiência fornece a matéria (os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta, por sua vez, fornece a forma (universal e necessária) do entendimento.


I- Práxis em Kant
Pensamento significativo (eticamente significativo) ou razão prática.

Reflexão sobre o que deve ser e não sobre o que é.

É a prática acima da teoria.

II – Imperativo Categórico
O imperativo categórico exige algo que se aplica a todas as pessoas, sejam quais forem suas inclinações.

III- Crítica da Razão Prática
Em relação com a compreensibilidade de um objeto a nós proposto (do sumo bem) pela lei moral, por conseguinte, de uma exigência em sentido prático, pode chamar-se fé e fé racional pura, porque a razão pura (tanto considerada segundo o uso teórico como prático) é a única fonte donde esta fé emana.

A lei moral, mediante o conceito do sumo bem, como objeto e fim último da razão pura prática, conduz à religião, isto é, ao conhecimento de todos os deveres como mandamentos divinos, não como sanções, ou seja ordens arbitrárias e por si mesmas contingentes de uma vontade estranha, mas sim como leis essenciais de uma vontade livre por si mesma, as quais, não obstante a isso, devem ser consideradas como mandamentos do ser supremo.

Paradoxo

PARADOXOS


. Paradoxo da Onipotência
Deus pode criar uma pedra que não consiga levantar?
Deus é moral e logicamente onipotente.
A onipotência de Deus não se estende à realização do que é logicamente impossível, e faz-se notar que para Ele (mas não para nós) é logicamente impossível criar uma pedra assim.

Darwin

DARWIN
Em sua autobiografia:
Por maiores que fossem as crises por que passei, nunca desci até o ateísmo, no verdadeiro sentido do termo, isto é, nunca cheguei a negar a existência de Deus.
A impossibilidade de conceber este grande e maravilhoso universo, com nossos “eus” conscientes, como obra do acaso, é, a meu ver, o argumento principal a favor da existência de Deus.
Outro motivo de minha crença na existência de Deus, ligado não ao sentimento, mas à razão, e que, pelo seu grande peso, não pode deixar de impressionar-me, é a extrema dificuldade, ou antes, a radical impossibilidade de conceber o universo, prodigioso e imenso, incluindo o homem com a faculdade de se reportar ao passado e de prever o futuro, como resultado de um destino ou uma necessidade cega.
Refletindo sobre isto, sou forçado a admitir uma causa primeira, um espírito inteligente, sob certos aspectos análogo ao homem.

Sartre

SARTRE

Hoje, a experiência social e histórica escapa ao Saber. Os conceitos burgueses quase não se renovam e se desgastam depressa; os que permanecem carecem de fundamento: as aquisições reais da sociologia americana não podem mascarar sua incerteza teórica; após uma arrancada espetacular, a psicanálise cristalizou-se. Os conhecimentos de pormenor são numerosos, mas falta a base. Quanto ao marxismo, tem fundamentos teóricos, abarca toda a atividade humana, mas não sabe mais nada: seus conceitos são diktats; seu objetivo não é mais o de adquirir conhecimentos, mas o de constituir-se a priori em Saber absoluto.

Einstein

EINSTEIN

“A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto.”

“Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria”.

“Saber que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como a mais alta das sabedorias e a mais radiosa das belezas, que as nossas faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas, esse conhecimento, esse sentimento está no centro mesmo da verdadeira religiosidade”.
“A experiência cósmica religiosa é a

Hegel

HEGEL

I- Raymond Plant
Hegel fornece uma interpretação profunda da trindade:
“O primeiro momento é a idéia em sua universalidade simples, para ela mesma, auto-encerrada, não tendo ainda progredido para a divisão primária, para a alteridade – O Pai. O segundo é o particular, a idéia na aparência – O Filho. É a idéia em sua externalidade, tal que a aparência externa é convertida no primeiro [momento] e é conhecida como a idéia divina, a identidade do divino e do humano. O terceiro elemento, então, é essa consciência – Deus como o Espírito. O Espírito enquanto existindo e se realizando a si mesmo é a comunidade.”

Se “espírito” não é uma palavra vazia, então Deus tem de (ser aprendido) sob esta característica, justamente como na teologia eclesiástica de outrora Deus era denominado “triuno”. Essa é a chave pela qual a natureza do espírito é explicada. Deus é apreendido, portanto, como o que é para si mesmo em si mesmo, Deus (o Pai) faz, ele próprio, um objeto para si mesmo ( o Filho); então, nesse objeto, Deus permanece essência indivisa no interior dessa diferenciação de si mesmo em si mesmo; e nessa diferenciação de si mesmo ama a si mesmo, isto é, permanece idêntico a consigo mesmo – isto é Deus como Espírito. Portanto, se temos que falar de Deus como espírito, temos de apreender Deus com essa verdadeira definição. Qu existe na Igreja nesse modo infantil de representação, com relação entre o pai e o filho – uma representação que ainda não é o objeto do conceito. Portanto, é precisamente essa definição de Deus na Igreja, como Trindade, que é a determinação concreta e a natureza de Deus como espírito; e espírito é uma palavra vazia, se não apreendido nessa determinação.

Porém, quando a teologia moderna afirma que não podemos ser cognição de Deus, ou que Deus não tem ulteriores determinações em si mesmo, ela conhece apenas que Deus é como algo abstrato sem conteúdo; e dessa maneira Deus é reduzido a essa abstração vazia. É inteiramente o mesmo se dizemos que não podemos ter cognição de Deus ou que Deus é somente um ente supremo. Na medida em sabemos (somente) que Deus é, Deus é o abstractum. Conhecer Deus significa ter um conceito definido, concreto de Deus. Como tendo meramente existência, Deus é algo abstrato, no entanto, quando (Deus é) conhecido, temos uma representação com um conteúdo. Se a representação para o efeito de que Deus não pode ser conhecido fosse sustentada por exegese bíblica, precisamente então, a propósito dessa explicação, teríamos de nos voltar para outra fonte a fim de chegar a um conteúdo em relação a Deus.

“A idéia divina é precisamente isto: manifestar-se, colocar o Outro fora dela mesma e retomá-lo novamente no interior de si mesma com vistas a ser subjetividade e espírito”.
“Se Deus é oni-suficiente e não carece de nada, como é que ele chegou a se desprender de si mesmo em algo tão claramente desigual a Ele? A idéia divina é precisamente esta autoliberação, a expulsão desse outro para fora dela próprio e sua reaceitação novamente, com o fito de constituir subjetividade e espírito”.

“Essa identidade é intuída no Cristo. Como o Filho do Homem, ele é o Filho de Deus. Para o Deus –homem não há além. Ele não conta como esse indivíduo singular, mas como homem universal, como verdadeiro homem. O lado exterior de sua história deve ser distinguido do lado religioso, Ele suportou o mundo efetivo, suportou a baixeza, ignomínia, morreu, Seu suplício foi a profundeza da unidade entre a natureza divina e humana no sofrimento vivo. Os deuses bem-aventurados pagãos foram representados como num mundo além; através de Cristo, o ordinário mundo efetivo, essa baixeza que não é abjeta, é ela mesma santificada.”

B. Mondin

B. MONDIN

Platão, Plotino, Agostinho, pensaram que o corpo, com suas paixões, os seus instintos, as suas misérias e fraquezas constituí um peso ou um laço para a alma e a impeça de ascender para o mundo do espírito e, portanto, sugeriam àqueles que aspiravam a um grau elevado da vida moral e espiritual a mais completa separação do corpo.
Aristóteles, Tomás, Rosmini, ao contrario, creram que o corpo, enquanto constitutivo essencial do homem, seja diretamente envolvido na sua perfeição: ela depende em grande parte dos hábitos somáticos que uma pessoa consegue atingir.

A somaticidade é uma componente essencial do ser do homem.

Os platônicos (Platão, Plotino, Agostinho, Descartes, Spinoza, Leibnitz) afirmam que a fantasia ao invés de aproximar da realidade levam a mente ainda mais longe dela.-
Por outro lado, os aristotélicos e os kantianos consideram a atividade da fantasia como um momento essencial do conhecimento racional, ou enquanto vêem nas imagens fantásticas (fantasmas) o material do qual o intelecto extrai os conceitos (Aristóteles), ou mesmo porque vêem nessas imagens os primeiros esquemas das percepções sensitivas, que precedem e possibilitam as classificações do intelecto (Kant).

I. O Sagrado

A religião é o conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas com o que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração com relação ao sagrado.

No interior da esfera religiosa o sagrado assume cracteristicas próprias: a numinosidade, a misteriosidade, a majestade, o fascínio, a objetividade ( ato da religião – aponta para realidade existente), a transcendência, a axologia ( valor supremo), a personalidade (O homem religioso trata com um tu, com uma pessoa – há alguém em frente a ele).

A diferença entre a religião e a arte é o elemento objetivo, a religião tem por objeto o real; a arte o ideal.

II- Heschel
“a maior parte de nós somos como toupeiras , que se escondem, e qualquer curso d’água que encontramos está embaixo da terra. Poucos são capazes de se elevar em raros momentos sobre o próprio nível da terra. Mas é nesse momento que descobrimos que a essência da existência humana consiste em estar suspenso entre o céu e a terra... A sensação de se estar suspenso entre o céu e a terra é necessária para sermos movidos por Deus quanto o ponto de apoio de Arquimedes o é para mover a terra. O estupor absoluto é para o entendimento da realidade de Deus aquilo que a clareza e a distinção são para a compreensão das idéias matemáticas... Privados da admiração, tornamo-nos surdos ao sublime”.

III- São Tomás
“Conhecer a alma é algo extremamente difícil e só se chega lá através de um raciocínio que procede dos objetos e se dirige para os atos, e dos atos para as faculdades.”
“O homem é o ser que realiza as operações do homem. Mas nós demonstramos que o sentir não é uma operação apenas efetuada apenas pela alma. Sendo, pois, o sentir uma operação do homem, se bem que não seja a sua operação própria e específica, é claro que o homem não é apenas alma, mas um conjunto, que resulta em um composto por alma e corpo.”

IV- Sartre
“O corpo é perfeitamente o superado (dépassé). O corpo é aquilo além do qual estou, no momento em que estou imediatamente presente ao corpo ou à mesa ou à árvore longínqua que vejo”.

“Reconhecer-se-á, sem dúvida que nós não encontraríamos nunca, em nós, aquela impressão fantasma e rigorosamente subjetiva que é a sensação; admitir-se-á que eu não percebo outra coisa além do verde desse caderno, ou daquelas folhas, mas nunca a sensação do verde, e tampouco do quase-verde que Husserl põe como matéria hilética que a intenção anima em verde-objeto”.

“Ser para a realidade humana é ‘ser-aí’; isto é, ‘ai na cadeira’, ‘aí sobre aquela mesa’, ‘lá em cima daquela montanha com aquelas dimensões, aquela orientação, etc’. É uma necessidade ontológica.”

“Não pode ocorrer que eu não tenha um lugar, pois, de outro modo, eu me encontraria com relação ao mundo num estado de superação e o mundo não se manifestaria mais de nenhum modo”.

V- Berkeley
“Por mais poder que eu tenha sobre os meus pensamentos, devo constatar que as idéias, percebidas com os sentidos não dependem de minha vontade. Quando na luz plena do dia eu abro os olhos, não é meu o poder de escolher se verei ou não, ou o de determinar quais os objetos particulares que se apresentarão à minha vista; e assim também com a audição e com os outros sentidos, as idéias impressas neles não são criadas por minha vontade.”

VI- Hume
“A fantasia é a principal faculdade do homem. É mediante a fantasia que se obtém todos os conhecimentos matemáticos, geométricos e científicos. Ela opera segundo algumas leis constantes e universais, que lhe permitem construir certos esquemas estáveis da experiência. Por exemplo, associando várias sensações relativas ao calor do fogo, ou mesmo da umidade da água, a fantasia chega à idéia de que o fogo esquenta e que a água molha.”

VII- H. Cox
“Graças à fantasia o homem possui a capacidade de reviver e de antecipar, de refazer o passado e de criar um futuro completamente novo. A fantasia é o húmus de onde se desenvolve a capacidade do homem de inventar e de renovar, A fantasia é a fonte mais rica da criatividade humana”.

VIII- Marcuse
“O conceito é uma representação mental, na qual, conteúdo e significado são idênticos e, todavia, diferentes, comparando-os com os objetos reais da experiência imediata. ‘Idêntico’ enquanto o conceito denota a mesma coisa; ‘diferente’, enquanto o conceito é resultado de uma reflexão que captou a coisa no contexto (e na luz) de outras coisas que não compareciam na experiência imediata e que explicam a coisa (mediação).”

IX- Morte e Imortalidade
O instinto é, segundo Freud, uma pulsão – inerente a vida orgânica – para restaurar um estado precedente de coisas que a entidade viva foi obrigada abandonar sob a pressão de forças exteriores e de distúrbio. Ora, dado que a vida teve origem no mundo inorgânico, a vida tende a retornar para a substância inorgânica: a vida tende para a morte; o escopo da vida é, portanto, a morte. Há, portanto, na própria origem da vida uma tendência a abolir a vida ou, se se prefere, a negar o tempo, a anular a duração.
Devemos estar conscientes do caráter “obscuro” do procedimento metafísico: obscuro aos sentidos e à fantasia e pouco permeável até mesmo à razão. As argumentações metafísicas não são provas esmagadoras e estonteantes, mas são, antes, meditações sobre indícios fugidios, que se tornam importantes e significativos apenas quando são olhados atenta e pacientemente.

Em Nietzsche a morte é a suprema possibilidade da liberdade humana. Ela não representa a antítese, se bem a mais alta expressão da vida: porque na morte o homem se demonstra vivo no mais alto grau, se se morre como se deve, não de morte natural dos covardes, mas da morte livre, que chega ao homem quando ele quer e como quer, da morte que ele mesmo se propõe. Quem morre assim é um santo que diz não a vida, da qual atingiu o mais alto limite. Para Nietzsche, a morte possui uma imagem de embriaguez dionisíaca.

Tendências opostas sobre a morte:
a) Tendência niilista: a morte é o fim total do homem, de toda a sua realidade psicossomática (Heidegger, Sartre, Bloch, Armstrong);
b) Tendência não-niilista: a morte não assinala o fim total do homem (Marcel, Theilhard, Jaspers, Rahner e Boros).


Sartre
“A possibilidade mais própria, não relativa e não ultrapassável do homem é a morte. Ele não a procura posteriormente no curso da sua vida, mas mal começa a existir e já está lançado nessa possibilidade”.

sábado, agosto 19, 2006

Berkeley

BERKELEY

I- David Berman
“Suponha-se uma pessoa surda e cega de nascença, que, chegando à idade adulta, fique privada, pela paralisia ou por alguma outra causa, de seu sentido tátil, do gosto e do olfato, e que, ao mesmo tempo, tenha removidos o impedimento de sua audição e o véu de seus olhos. O que os cinco sentidos são para nós, tato, paladar e olfato eram para ela. E quaisquer outros modos de percepção de uma natureza mais extensa e refinada lhe eram tão inconcebíveis como são para nós os modos que um dia estarão adaptados a perceber aquelas coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem foi dado ao coração humano conceber. E seria tão razoável para essa pessoa concluir que a perda daqueles três sentidos não poderia ser substituída por nenhuma outra porta de entrada de percepções como para um moderno livre-pensador imaginar que não pode haver outro estado de vida e de percepção sem os sentidos de que presentemente dispõe. Suponhamos, agora, que os olhos dessa mesma pessoa, ao se abrirem pela primeira vez, sejam impressionados por uma grande variedade dos objetos mais vistosos e agradáveis, e seus ouvidos, por melodiosa consonância de música vocal e instrumental. Considere o assombro, o arrebatamento. O êxtase dessa pessoa, e você terá uma distante representação, um tênue vislumbre do estado extático da alma no momento em que emerge desse sepulcro de carne para a Vida e a imortalidade”.

“Há uma pessoa com quem eu seriamente lhe recomendo, como uma coisa das mais vantajosas, travar conhecimento e conversar; você se surpreenderá quando eu lhe disser que é você mesmo”.

Kant

KANT

Há duas realidades fenômeno e númeno.

Fenômeno é aquilo que se apresenta ao sujeito do conhecimento na experiência.

Númeno é aquilo que se apresenta ao sujeito do conhecimento na experiência.

Númeno é aquilo que não é dado à sensibilidade nem ao entendimento mas é afirmado pela razão sem base na experiência e no entendimento.

O fenômeno é a coisa para nós ou o objeto do conhecimento, o númeno é a coisa em si ou o objeto da metafísica, isto é, o que é dado para um pensamento puro, sem relação com a experiência.

Quando ouço que uma mente incomum demonstrou que a liberdade da vontade humana, a esperança por uma vida futura e Deus não existem, estou ávido para ler o seu livro, pois espero que o seu talento seja capaz de me fazer progredir em meus conhecimentos. Já de antemão tenho certeza de que não fui bem sucedido na resolução de nenhuma destas questões não porque já acredito de estar de posse de provas irrefutáveis destas importantes proposições, mas sim porque a critica transcendental, que me revelou todos os recursos de nossa razão pura, me convenceu integralmente de que do mesmo modo que a razão é totalmente inepta para chegar a asserções afirmativas neste campo tampouco e menos ainda é capaz de saber o suficiente para poder concluir negativamente à respeito destas perguntas.

A realidade que conhecemos é a realidade tal como é estruturada por nossa razão.

Um juízo é analítico quando o predicado ou os predicados do enunciado nada mais são do que a explicitação do conteúdo do sujeito do enunciado.

Quando entre o sujeito e o predicado se estabelece uma relação na qual o predicado me dá informações novas sobre o sujeito, o juízo é sintético, isto é, formula uma síntese entre um predicado e um sujeito.

Os juízos sintéticos a priori são juízos sintéticos cuja síntese depende da estrutura universal e necessária de nossa razão e não da variabilidade individual de nossas experiências.


Não se aprende filosofia, mas a filosofar.

A estrutura da razão é a prioridade, vem antes da experiência e não depende dela.

A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência, vem depois desta e por isso é a posteriori.

A experiência fornece a matéria (os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta, por sua vez, fornece a forma (universal e necessária) do entendimento.


I- Práxis em Kant
Pensamento significativo (eticamente significativo) ou razão prática.

Reflexão sobre o que deve ser e não sobre o que é.

É a prática acima da teoria.

II – Imperativo Categórico
O imperativo categórico exige algo que se aplica a todas as pessoas, sejam quais forem suas inclinações.

HEGEL

HEGEL

I- Raymond Plant
Hegel fornece uma interpretação profunda da trindade:
“O primeiro momento é a idéia em sua universalidade simples, para ela mesma, auto-encerrada, não tendo ainda progredido para a divisão primária, para a alteridade – O Pai. O segundo é o particular, a idéia na aparência – O Filho. É a idéia em sua externalidade, tal que a aparência externa é convertida no primeiro [momento] e é conhecida como a idéia divina, a identidade do divino e do humano. O terceiro elemento, então, é essa consciência – Deus como o Espírito. O Espírito enquanto existindo e se realizando a si mesmo é a comunidade.”

Se “espírito” não é uma palavra vazia, então Deus tem de (ser aprendido) sob esta característica, justamente como na teologia eclesiástica de outrora Deus era denominado “triuno”. Essa é a chave pela qual a natureza do espírito é explicada. Deus é apreendido, portanto, como o que é para si mesmo em si mesmo, Deus (o Pai) faz, ele próprio, um objeto para si mesmo ( o Filho); então, nesse objeto

quinta-feira, agosto 17, 2006

Leibniz

LEIBNIZ


O homem que tiver vigor no querer, determina os pensamentos segundo a sua escolha, ao invés de ser determinado e arrastado por percepções involuntárias.

Se apotência correspoder ao latim potentia, ela é o oposto do ato, e a passagem da potência ao ato constitui mudança

Cícero diz muito bem em algum lugar que, se os nossos olhos pudessem ver a beleza da virtude, amá-la-íamos com ardor.

Nada pode ser mais forte do que a verdade, se os homens procurassem conhecê-la bem e fazer-lhe valer os direitos.

Onde quer que haja inquietação, existe desejo.

A felicidade e a miséria são os nomes de dois extremos cujos limites últimos nos são desconhecidos. É o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, o coração do homem jamais compreendeu.

Todos esses prazeres e dores só pertencem ao espírito, à alma; acrescentaria até que sua origem está na própria alma, considerando as coisas com um certo rigor metafísico.

A isso os teólogos dizem que essas substâncias bem-aventuradas no bem são isentas de qualquer perigo de queda.

Poderíamos dizer que o próprio Deus não pode escolher o que não é bom, e que a liberdade deste SER todo-poderoso não o impede de ser determinado por aquilo que é o melhor.

Cada ato de sensação nos faz igualmente encarar as coisas corporais e espirituais; pois no tempo em que a vista e ouvido me fazem conhecer que existe algum ser corporal fora de mim, sei de uma forma ainda mais certa que existe dentro de mim algum ser espiritual que vê e que ouve.

Está muito correto. É muito verdadeiro que a existência do espírito é mais certa que a dos objetos sensíveis.

Uma outra idéia que temos do corpo é o poder de comunicar o movimento por impulsão; e uma outra, que temos da alma, é o poder de produzir movimento através do pensamento.

É verdade mesmo as verdades que pode3mos descobrir mediante a razão podem ser-nos comunicadas por uma revelação tradicional, como se Deus tivesse querido comunicar aos homens teoremas geométricos, porém não seria com tanta certeza como se tivéssemos a demonstração, tirada da conexão das idéias.

Sabe-se que o diabo teve os seus mártires, e, se basta estar bem persuadido, não poderemos distinguir as ilusões de Satanás das inspirações do Espírito Santo. É portanto, a razão que faz conhecer a verdade da revelação.

Só se ama verdadeiramente a verdade na medida em que gosta de examinar as provas que dão a conhecer a verdade como ela é.

Embora Jesus Cristo fosse credenciado por milagres, não deixou por vezes de recusar tais sinais a uma raça perversa que os pedia, pregando apenas a virtude e aquilo que já havia sido ensinado pela razão natural e pelos profetas.

Os platônicos, os origenistas, alguns hebreus e defensores da pré-existencia das almas, acreditaram que as almas deste mundo eram colocadas em corpos imperfeitos, a fim de sofrerem por crimes cometidos em existências anteriores. Todavia, é verdade que, se alguém não conhece nem jamais conhecerá a verdade do que aconteceu em outras vidas, nem pela recordação da própria memória nem por outros vest´gios, nem pelo conhecimento de outrem, não poderemos chamar a isso de castigo segundo as noções comuns. Entretanto, pode-se duvidar, em se falando dos castigos em geral, se é absolutamente necessário que aqueles que sofrem saberão eles mesmos um dia a razão disso, e se não seria suficiente, muitas vezes, que outros espíritos mais informados encontrassem nisso matéria para glorificar a justiça divina. Todavia, é mais propável supor que os que sofrem saberão um dia o porquê, ao menos de forma genérica.

Piaget

PIAGET


“ A intenção “ é uma orientação da consciência do sujeito dirigida para as essências e produtora de formas cognitivas, mas se é necessário lembrar sem cessar essas direções, a intenção também não é mais suficiente, apesar do Tomismo, para assegurar um sucesso necessário, e isso até no plano do fenômeno, pois o inferno do conhecimento, como o dos outros pecadores que não são filósofos está , ele tmbém, cheio de boas intenções.

A noção de intenção do ponto de vista psicológico é a afirmação de que todo estado de consciência exprime um movimento “orientado para” (não dizemos um alvo, pois isso já é uma interpretação) um estado final buscado e desejado. Do ponto de vista epistemológico a “intenção” de Husserl deriva do intento de seu mestre Brentano tirou do tomismo após ter abandonado a igreja: é ainda a intencionalidade que, no plano do pensamento, pode atingir as formas ou essências quando no conhecimento, o sujeito “torna-se” objeto, não material inteniocnalmente.

Heidegger recrimina Nietzsche por não ter compreendido que a origem do conceito de valor constituía problema, de não ter assim “atingido o centro verdadeiro da filosofia”.

A razão central da oposição dessa psicologia fenomenológica aos fatos é que, evidentemente, para ela o saber desumaniza esquecendo suas raízes existenciais poruqe o fundo do psiquismo é irracional: a emoção é uma atitude mágica, a imagem é uma ausência do objeto que quer fazer passas por presença.

Que certos psiquiatras possam experimentar a necessidade para compreender seus doentes, de entrar na sua pele, de pensar irracionalmente e adotar, entre eles próprios e o paciente, uma atitude existencial e não teórica, é perfeitmente legítimo e explica o sucesso da fenomenologia em alguns alienistas contemporâneos: apenas é um ponto de vista essencialmente prático cujo sucesso não prova nada do ponto de vista científico. Mas que uma psico-filosofia pretende apoderar-se do irracional abraçando seus contornos, isso suscta maiores dificuldades pois trata-se então de conceitualizar-se vivdo e toda conceitualização é um retorno a razão

O positivismo é especialmente uma doutrina do fechamento da ciência à qual quer delimitar fronteiras definitivas, enquanto que, cientistas não positivistas a ciência é indefinitamnete aberta e pode abordar qualquer problema desde que se encontre um método que realize o acorsdo dos psiquiatras.

A pretensão husseliana de limitar o domínio da psicologia ao “mundo” espaço-temporal.

Um fato não existe jamais em estado puro, mas que, é sempre solidário com uma interpretação.

Não é, sem dúvida, um caso se a filosofia oriental se apresenta bem mais que a nossa, como sendo essencialmente uma sabedoria.

A experiência do observador pode ensinar-lhe ( e ensinou-me constantemente) que os conhecimentos construídos pelo sujeito não são devidos unicamente à experiência e que a experiência em geral comporta sempre uma estruturação cuja amplidão e importância a filosofia empírica não viu.

Em primeiro lugar a argumentação de Locke e Hume contra as idéias inatas não é inteiramente convincente, pois acontece que estruturas hereditárias podem manifestar-se desde o nascimento, mas por maturação progressiva (reconhece-se isto então por ocasião de uma data fixa de aparecimento) e que tais estruturas podem desempenhar um papel nas formação das noões e das operações não as contendo antecipadamente, mas abrindo possibilidade então fechadas (possibilidades que se atualizarão pelo o exercício).

(Cogito) Todo o conhecimento está subordinado à existênxcia de um sujeito: é o momento da grande descoberta do sujeito epistêmico.

(Kant) “sabedoria” fundada na razão pura prática. Sabedoria tão efêmera, aliás, que os pós-kantianos nada tiveram de mais premente que transformar o aparelho crítico em um eu absoluto.

A descoberta das geometrias não euclidianas contradisse a letra mas não o espírito do apriorismo kantiano e originou toda uma epistemologia geométrica especializada.

Jung

JUNG

O psicólogo deve concentrar sua atenção no aspecto humano do problema religioso, abstraindo o que as confissões religiosas fizeram com ele.

A única forma de existência de que temos conhecimento imediato é a psíquica. A existência física é pura dedução uma vez que só temos alguma noção da matéria através de imagens psíquicas.

A condenação moral não liberta; ela oprime e sufoca. A partir do momento em que conbdena alguém, não sou seu amigo e não compartilho de seus sofrimentos; sou o seu opressor.

O que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade , e que eu mesmo sou inimigo que precisa amar.

A neurose é uma cisão interior, uma discórdia íntima. Dois seres no coração do mesmo sujeito que se comportam de modo antagônico. A neurose é uma cisçao da personalidade. O problema da cura é um problema relisioso. Como conseguir reconciliar-se com as próprias falhas. Como amr o inimigo que se tem dentro do próprio coração e chamar de irmão ao lobo quer devorar.

O homem em momento algum da hiatória esteve em condições de enfrentar sozinho as potências do mundo subterrâneo, isto é, de seu inconsciente. É frágil a barreira que separa im mundo aparentemente bem ordenado do caos. O que alivia o homem não é o que ele próprio imagina, mas somente uma verdade sobre-humana e revelada que o arranca de seu estado de sofrimento.

O psiquismo seria um conglomerado de instintos ou seja, uma função hormonal. Por outro lado não se encontrou a secreção glandular que pudesse curar a neurose. O psiquismo, como se fosse uma substância, pode obter efeito de cura. As palvras do médico transmitem um sentido e uma significação. Pode ser uma ficção mas pode influenciar a doença de maneira muito mais eficaz do que por meio de produtos químicos.

A psiconeurose é um sofrimentoo de uma alma que não encontrou o seu sentido. Do sofrimento da alma é que brota toda criação espiritual e nasce todo homem enquanto espírito ora o motivo do sofrimento é a estagnaççao espiritual, a esterlidade da alma.

O pastor não dispõe de cerimônias rituais com simbolismo expressivo, e é por esta razão que ele se vê obrigado a orientar a sua ação no terreno da moral, onde as forças instintivas do inconsciente correm o risco de sofrer um recalque.

Quantos fenômenos psíquicos qualificamos de casuais quando, na realidade, vemos que nada têm a ver com uma causalidade. Lembremos apenas os casos de lapsos de linguagem, erros de leitura e esquecimentos que Freud já declarava nada possírem de acidental.

terça-feira, agosto 15, 2006

Kierkegaard

KIERKEGAARD

Somos mais do que filhos de nosso tempo. Cada um de nós também é um individuo único, que só vive esta única vez.

Se Jesus Cristo realmente levantou dos mortos, isto seria algo tão avassalador que teria necessariamente de marcar toda a nossa vida.

Não é possível ser um pouco cristão, ou então, cristão ate certo ponto.

As verdades objetivas são totalmente irrelevantes para a existência do homem enquanto individuo.

O importante é encontrar a minha verdade, a verdade de cada um.

O homem não experimenta sua existência atrás de uma escrivaninha. Somente quando agimos, e sobretudo quando fazemos uma escolha, é que nos relacionamos com nossa própria existência.

A verdade está sempre na minoria.

A maioria das pessoas se relaciona de forma extremamente inconseqüente com a vida.

Há três estágios diferentes de existência: estagio estético, estagio ético e estagio religioso.

O pecado nos individualiza radicalmente. (marca, distingue).


O humor é um estado de dialético, divino-humano. O humor reflete a pequenez humana.

Uma das definições capitais do cristianismo é que o contrario do pecado não é virtude mas sim, a fé.

O único que conhece a doença mortal é o cristão. Porque o cristianismo lhe dá uma coragem ignorada pelo homem natural.

Nada é doença mortal aos olhos do cristão.

O desespero que se perde no infinito é portanto imaginário, informe. Porque o eu não tem saúde e não está livre de desespero, senão quando, tendo desesperado transparente a si mesmo, projeta-se para Deus.

Mas não será a formula mais apropriada para se perder a razão? Perdê-la para ganhar Deus, é o próprio ato de crer.

O crente tem no possível o eterno e seguro antídoto do desespero. Porque Deus pode a todo instante. É esse o combustível da fé, que resolve contradições.

É o que se exprime dizendo que o pecado é uma posição, e o que tem de positivo é exatamente o estar frente a Deus.

Crer é como amar.

Só em Cristo é verdade que Deus é a medida do homem, a sua medida e o seu fim.

Essa extravagância acústica do mundo espiritual, o bizarro das leis que regulam as distancias! É desde a maior distancia de Deus que o homem lhe pode fazer ouvir este: Não! O homem nunca é tão familiar com Deus como quando está longe dele, familiaridade que só pode nascer do próprio afastamento! Na vizinhança de Deus não se pode ser familiar, e a sê-lo, é sinal de que está longe. Essa é a impotência do homem em face de Deus.

Deus não se contenta com um resumo, ele compreende a própria realidade, todo o particular ou o individual. O individuo não é inferior ao conceito, para ele.

Heidegger

HEIDEGGER


I. Alexandre Marques Cabral

Na Idade Média só o divino teve valor, só a existência humana na sua configuração religiosa teve valor. A partir da modernidade, só o que pôde ser comprovado pelos métodos da ciência é que tem valor real. Todos estes reducionismos são frutos do esquecimento da diferença irredutível entre ser e ente – diferença ontologia. No pensamento ôntico, só a identidade é pensada, esquecendo-se a diferença (ser).

“Só se pode produzir a partir do modelo industrial”, “só o modelo industrial é válido para a cultura ocidental”... O “só” é o símbolo da cultura ôntica no Ocidente. O “só isto” e o “só aquilo” mostram o pressuposto reducionista que orienta nossa percepção da totalidade dos entes que nos circundam.

Diante do perigo da “onipotência reducionista” do pensamento ôntico, urge que se pense a realidade através de um novo horizonte que permita que se transcenda o universo do ente, levando, portanto, ao horizonte do ser. Faz-se mister que a diferença entre ser e ente esteja presente neste novo horizonte, onde o problema do ser deve ser colocado.

Mas a fenomenologia utilizada por Heidegger passa a diferir-se da de husserl. Enquanto este se atém, ainda, a um modelo idealista gnosiológico, Heidegger entenderá fenomenologia como hermenêutica do homem enquanto Dasein.

O ser como potência e ato – Todo ser apresenta algo já realizado e algo que é capaz de realizar. O primeiro é o ato, já o segundo é potência. O binômio ato-potência se estende, segundo Aristóteles, aos demais significados do ser.

O último dogma advindo da tradição metafísica apontado por Heidegger é que “o ser é o conceito evidente por si mesmo”. Em toda sentença pronunciada pelo homem no cotidiano, faz-se uso do ser. Dizemos: “a laranja é amarela”, “a nuvem é branca”, etc; assim, acreditamos que compreendemos o que queremos dizer com o “é” das proposições, mas tal compreensão é vaga e mediana. Esta compreensão não nos mostra que devemos abandonar a investigação acerca do sentido do ser, mas mostra-nos que o ser, neste sentido, é algo obscuro, devendo, portanto, ser aclarado por elucidação profunda e questionadora.

N a intencionalidade, a consciência é algo aberto. Há uma certa simbiose entre consciência e real. A consciência é sempre consciência de alguma coisa. Isto permite a superação do modelo dualista advindo da modernidade. Esta abertura permite que vejamos dois movimentos que ocorrem na relação conciência-objeto. O primeiro movimento é o do objeto à consciência e o segundo vai da consciência ao objeto. O objeto é, nesta relação intencional , segundo a moneclatura de Husserl, nóema; e a consciência é a nóesis. Na ação da consciência sobre o objeto ocorre o ato de dar sentido.

O termo dasein, em alemão, é comumente traduzido por existência, ato de existir, algo presente. Neste sentido se insere o termo Dasein em Hegel e em Kant. Tanto na “Ciência da lógica” (Hegel) quanto na “Crítica da razão pura” (Kant), o termo Dasein é o ser determinado, a efetividade da presença de algo, o actus essendi, o “real”. A diferença entre os dois é que em Kant o Dasein é entendido como existência do ente que é dada pelo transcendentalismo da estrutura de conhecimento que se insere no sujeito. Neste sentido, real é o que se adeqüa ao aparato transcendental a priori do conhecimento. Em Hegel, a existência de algo é dada pela superação da negação que ocorre no espírito, a partir de um movimento dialético intrínseco ao próprio espírito.
Vê-se, então, que o ser mesmo, o ser mesmo, o ser subsistente é o que S. Tomás contempla em primeiro lugar de Deus. E por ser Deus o ser subsistente, o Doutor Angélico conclui que nele se encontram todas as perfeições. Porque Deus, diz ele, é o próprio ser mesmo subsistente, nada da perfeição do ser lhe pode faltar. Todas as perfeições pertencem à perfeição do ser.

A essência do divino identifica-se com a atualidade em exercício, (exercitae actualitatis), ou com o próprio ser subsistente.

O termo mundo tem uma diversidade de significados. No âmbito cristão, o termo mundo assume um caráter pejorativo – por exemplo, secularização é sinal de profanação – ou um caráter escatológico – por exemplo, “ o mundo ira acabar”.

Ainda no cristianismo, o termo mundo (kósmos) pode assumir outros significados. Em São Paulo, o termo mundo indica um modo de ser do Dasein ( ser-aí) que o afasta de Deus. É a famosa he Sophia tou Kósmou (sabedoria do mundo). Nos escritos joaninos, especialmente no evangelho, o conceito de kósmos indica ser-aí como ser-homem simplesmente. Nesta simplicidade, o homem se comporta diferenciando-se do modo humano de relacionar-se com Deus.

Kósmos houtos significa em Paulo (vide 1. Coríntios e Gálatas) não apenas e não primariamente o estado do “cósmico”, mas o estado e a situação do homem, a espécie de sua postura diante do cosmos, seu medo de apreciar os bens. Kósmos é o ser-homem como de uma mentalidade afastada de Deus (he Sophia tou kósmou). Kosmos houtos designa o ser-aí humano, numa determinada existência histórica que distingue de uma outra que já está despontando (aion ho mellon). Com inusitada freqüência – sobretudo, em comparação com os sinóticos -, usa o evangelho de São João o conceito de kósmos, e ao mesmo tempo em um sentido bem central. Mundo caracteriza a forma fundamental de afastamento de Deus do ser-aí humano, o caráter do ser-homem simplesmente. De acordo com isto, é então mundo um nome que designa de maneira geral todos os homens juntos, sem distinção entre sábios e tolos, justos e pecadores, judeus e pagãos.

De um lado, significa, mundus, segundo Agostinho, totaliade do que foi criado. Mas com a mesma freqüência mundus em lugar de mundi habitatores. Este termo tem, por sua vez, o específico sentido existencial de dilectores mundi, impii, carnales. No primeiro significado mundo designa ens creatum. A segunda significação de mundus quer dizer o habitare corde in mundo como amare mundum, o que é igual a non cognoscere Deum.

Do mesmo modo, Tomás de Aquino usa mundus uma vez com a siginificação igual a universum, universitas creaturarum; mas, ao lado disto, também com o significado de saeculum (mentalidade mundana) quod nomine amatores mundi significantur. Mundanus (saecularis) é aqui antônimo de spiritualis.

NO pensamento de Leibniz, a concepção de mundo como creatum ainda subsiste. Tanto para o pensamento clássico cristão quanto para Leibniz, o conceito depende de Deus.

Em Kant, mundo designa, por conseguinte, tanto conforto de todos os fenômenos como conjunto de todos os objetos da experiência possível.

Deve-se mencionar, também, que o ser-no-mundo é sempre meu-ser-no-mundo. Isto mostra que a familiaridade é sempre singular; cada Dasein mantém uma relação ímpar com o “seu” mundo.

Portanto, não há deslocamento de sujeito para o objeto,como pensou a filosofia idealista moderna, já que, originariamente , o Dasein já é-em-comunhão, já é “deslocado”, já é aberto. Não há saída do sujeito para o objeto, pois o Dasein é sempre “saído”, “fora” de si.

Descartes e o pensamento posterior a ele têm, como característica comum, o slipsismo que norteia todo pensamento moderno. O eu é o fundamento de todo pensamento que, de alguma forma, busca a certeza. Spinoza, Leibniz, Kant, Fiche, Hegel,etc, começaram suas doutrinas a partir do EGO humano. O ego é, no pensamento moderno, o sujectum, o substrato que legitima todo e qualquer sistema do pensamento: a substância, o substrato, o fundamento absoluto do real. Até mesmo husserl, com seu “eu transcendental”, não foge da modernidade, já que este (eu transcendental) é considerado fundamento dos entes.

Desta forma, a análise do eu reduziu-se a uma substancialização do ente humano.

Heidegger, para falar do ser-com (mit-sein), utiliza o exemplo do banco ancorado na praia. Ao olharmos um barco ancorado na praia, notamos que este refere-se, necessariamente, a alguém: há uma pessoa que o utiliza de alguma forma. Este ser simplesmente dado – Barco – refere-se aos outros Dasein. Isto acontece com todo ente feito (construído) pelo Dasein: ele sempre se refere aos outros Dasein. Os outros não são realidades acrescentadas pelo pensamento às coisas simplesmente dadas; Por isso, mesmo, podemos dizer, não há uma justaposição ôntica de um outro dasein à coisa simplesmente dada. O outro se insere em um mundo que , por sua vez, é sempre o meu.
Na base desse ser-no-mundo determinado pelo com, o mundo é sempre o mundo compartilhado com os outros. O mundo da da pre-sença é mundo compartilhado. O ser-em é ser-com os outros. O ser-em-si intramundano destes outros é co-presença.