terça-feira, agosto 22, 2006

B. Mondin

B. MONDIN

Platão, Plotino, Agostinho, pensaram que o corpo, com suas paixões, os seus instintos, as suas misérias e fraquezas constituí um peso ou um laço para a alma e a impeça de ascender para o mundo do espírito e, portanto, sugeriam àqueles que aspiravam a um grau elevado da vida moral e espiritual a mais completa separação do corpo.
Aristóteles, Tomás, Rosmini, ao contrario, creram que o corpo, enquanto constitutivo essencial do homem, seja diretamente envolvido na sua perfeição: ela depende em grande parte dos hábitos somáticos que uma pessoa consegue atingir.

A somaticidade é uma componente essencial do ser do homem.

Os platônicos (Platão, Plotino, Agostinho, Descartes, Spinoza, Leibnitz) afirmam que a fantasia ao invés de aproximar da realidade levam a mente ainda mais longe dela.-
Por outro lado, os aristotélicos e os kantianos consideram a atividade da fantasia como um momento essencial do conhecimento racional, ou enquanto vêem nas imagens fantásticas (fantasmas) o material do qual o intelecto extrai os conceitos (Aristóteles), ou mesmo porque vêem nessas imagens os primeiros esquemas das percepções sensitivas, que precedem e possibilitam as classificações do intelecto (Kant).

I. O Sagrado

A religião é o conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas com o que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração com relação ao sagrado.

No interior da esfera religiosa o sagrado assume cracteristicas próprias: a numinosidade, a misteriosidade, a majestade, o fascínio, a objetividade ( ato da religião – aponta para realidade existente), a transcendência, a axologia ( valor supremo), a personalidade (O homem religioso trata com um tu, com uma pessoa – há alguém em frente a ele).

A diferença entre a religião e a arte é o elemento objetivo, a religião tem por objeto o real; a arte o ideal.

II- Heschel
“a maior parte de nós somos como toupeiras , que se escondem, e qualquer curso d’água que encontramos está embaixo da terra. Poucos são capazes de se elevar em raros momentos sobre o próprio nível da terra. Mas é nesse momento que descobrimos que a essência da existência humana consiste em estar suspenso entre o céu e a terra... A sensação de se estar suspenso entre o céu e a terra é necessária para sermos movidos por Deus quanto o ponto de apoio de Arquimedes o é para mover a terra. O estupor absoluto é para o entendimento da realidade de Deus aquilo que a clareza e a distinção são para a compreensão das idéias matemáticas... Privados da admiração, tornamo-nos surdos ao sublime”.

III- São Tomás
“Conhecer a alma é algo extremamente difícil e só se chega lá através de um raciocínio que procede dos objetos e se dirige para os atos, e dos atos para as faculdades.”
“O homem é o ser que realiza as operações do homem. Mas nós demonstramos que o sentir não é uma operação apenas efetuada apenas pela alma. Sendo, pois, o sentir uma operação do homem, se bem que não seja a sua operação própria e específica, é claro que o homem não é apenas alma, mas um conjunto, que resulta em um composto por alma e corpo.”

IV- Sartre
“O corpo é perfeitamente o superado (dépassé). O corpo é aquilo além do qual estou, no momento em que estou imediatamente presente ao corpo ou à mesa ou à árvore longínqua que vejo”.

“Reconhecer-se-á, sem dúvida que nós não encontraríamos nunca, em nós, aquela impressão fantasma e rigorosamente subjetiva que é a sensação; admitir-se-á que eu não percebo outra coisa além do verde desse caderno, ou daquelas folhas, mas nunca a sensação do verde, e tampouco do quase-verde que Husserl põe como matéria hilética que a intenção anima em verde-objeto”.

“Ser para a realidade humana é ‘ser-aí’; isto é, ‘ai na cadeira’, ‘aí sobre aquela mesa’, ‘lá em cima daquela montanha com aquelas dimensões, aquela orientação, etc’. É uma necessidade ontológica.”

“Não pode ocorrer que eu não tenha um lugar, pois, de outro modo, eu me encontraria com relação ao mundo num estado de superação e o mundo não se manifestaria mais de nenhum modo”.

V- Berkeley
“Por mais poder que eu tenha sobre os meus pensamentos, devo constatar que as idéias, percebidas com os sentidos não dependem de minha vontade. Quando na luz plena do dia eu abro os olhos, não é meu o poder de escolher se verei ou não, ou o de determinar quais os objetos particulares que se apresentarão à minha vista; e assim também com a audição e com os outros sentidos, as idéias impressas neles não são criadas por minha vontade.”

VI- Hume
“A fantasia é a principal faculdade do homem. É mediante a fantasia que se obtém todos os conhecimentos matemáticos, geométricos e científicos. Ela opera segundo algumas leis constantes e universais, que lhe permitem construir certos esquemas estáveis da experiência. Por exemplo, associando várias sensações relativas ao calor do fogo, ou mesmo da umidade da água, a fantasia chega à idéia de que o fogo esquenta e que a água molha.”

VII- H. Cox
“Graças à fantasia o homem possui a capacidade de reviver e de antecipar, de refazer o passado e de criar um futuro completamente novo. A fantasia é o húmus de onde se desenvolve a capacidade do homem de inventar e de renovar, A fantasia é a fonte mais rica da criatividade humana”.

VIII- Marcuse
“O conceito é uma representação mental, na qual, conteúdo e significado são idênticos e, todavia, diferentes, comparando-os com os objetos reais da experiência imediata. ‘Idêntico’ enquanto o conceito denota a mesma coisa; ‘diferente’, enquanto o conceito é resultado de uma reflexão que captou a coisa no contexto (e na luz) de outras coisas que não compareciam na experiência imediata e que explicam a coisa (mediação).”

IX- Morte e Imortalidade
O instinto é, segundo Freud, uma pulsão – inerente a vida orgânica – para restaurar um estado precedente de coisas que a entidade viva foi obrigada abandonar sob a pressão de forças exteriores e de distúrbio. Ora, dado que a vida teve origem no mundo inorgânico, a vida tende a retornar para a substância inorgânica: a vida tende para a morte; o escopo da vida é, portanto, a morte. Há, portanto, na própria origem da vida uma tendência a abolir a vida ou, se se prefere, a negar o tempo, a anular a duração.
Devemos estar conscientes do caráter “obscuro” do procedimento metafísico: obscuro aos sentidos e à fantasia e pouco permeável até mesmo à razão. As argumentações metafísicas não são provas esmagadoras e estonteantes, mas são, antes, meditações sobre indícios fugidios, que se tornam importantes e significativos apenas quando são olhados atenta e pacientemente.

Em Nietzsche a morte é a suprema possibilidade da liberdade humana. Ela não representa a antítese, se bem a mais alta expressão da vida: porque na morte o homem se demonstra vivo no mais alto grau, se se morre como se deve, não de morte natural dos covardes, mas da morte livre, que chega ao homem quando ele quer e como quer, da morte que ele mesmo se propõe. Quem morre assim é um santo que diz não a vida, da qual atingiu o mais alto limite. Para Nietzsche, a morte possui uma imagem de embriaguez dionisíaca.

Tendências opostas sobre a morte:
a) Tendência niilista: a morte é o fim total do homem, de toda a sua realidade psicossomática (Heidegger, Sartre, Bloch, Armstrong);
b) Tendência não-niilista: a morte não assinala o fim total do homem (Marcel, Theilhard, Jaspers, Rahner e Boros).


Sartre
“A possibilidade mais própria, não relativa e não ultrapassável do homem é a morte. Ele não a procura posteriormente no curso da sua vida, mas mal começa a existir e já está lançado nessa possibilidade”.

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